terça-feira, 16 de maio de 2017

40% dos judeus da Turquia tiram segundo passaporte para eventualidades


Mais de 6.000 dos 15.500 judeus turcos, ou seja, 40% da comunidade, tiraram um segundo passaporte, em preparo para uma possível saída do país, que abriga judeus desde os tempos do Império Otomano. 

Sinagoga em ruínas na cidade de Izmir
“Nos últimos 15 meses, depois de um período político que culminou com a expansão dos poderes executivos do presidente Recep Erdoğan, cerca de 4.700 judeus turcos solicitaram ou receberam passaportes de Espanha, Portugal e Israel. Quando os filhos daqueles que pediram passaportes espanhóis são adicionados, o número chega a 6.200 “, afirma o site judaico norte-americano Forward.
Vários motivos fazem com que os judeus turcos pensem em sair do país. “Atualmente, a Turquia é mais autoritária, menos liberal, menos democrática e mais islâmica”, explicou Yoram Zara, advogado que se mudou da Turquia para Israel e se especializou em cidadania sefaradita. Ele aponta também o enfraquecimento da economia como outra razão para a busca de cidadania no exterior, especialmente entre a geração mais jovem.
Mas o motivo mais comum é o medo. Erdoğan tem consolidado sua autoridade com expurgos em massa e uma repressão aos meios de comunicação, depois de uma tentativa fracassada de golpe contra ele por um grupo de oficiais militares em 2016
Esses novos poderes adquiridos levaram à demissão de mais de 130 mil pessoas de seus empregos e à prisão de cerca de 45 mil; à paralisação de veículos de mídia independentes e à detenção de jornalistas, e à inserção da religião em instituições seculares, corroendo a separação entre o Islã e o Estado. A repressão continua com decretos, como o bloqueio recente da Wikipédia e a proibição de programas de TV sobre namoro.
Tudo isso cria uma atmosfera de medo e incerteza, não apenas para os judeus, mas também para os turcos seculares, que compõem quase metade da população.
 
 
[Foto: Forward - fonte: www.conib.org.br]

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