sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Calçada portuguesa candidata a Património Cultural da Humanidade

Na instrução deste processo, Lisboa pede colaboração a outras cidades com o mesmo tipo de pavimento.



Escrito por  Zita Ferreira Braga

A Câmara de Lisboa aprovou hoje, por unanimidade, o arranque do processo de candidatura da calçada portuguesa a Património Cultural Imaterial da Humanidade, para o qual a autarquia vai pedir a colaboração de outras cidades com este pavimento.
"A ideia é também integrar todas as cidades, sejam do nosso país ou do mundo lusófono e outras, que têm a calçada nas suas ruas. Apesar de Lisboa ser a promotora desta candidatura, a ideia é que seja tão abrangente quanto possível", afirmou à agência Lusa a vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto, no final da reunião privada em que foi aprovado o documento que visa iniciar o processo.
Além de ser assinada por Catarina Vaz Pinto e pelos vereadores do Urbanismo, Manuel Salgado, e do PSD António Prôa, a proposta acabou por ser subscrita por todo o executivo.
Depois deste primeiro passo, "vai ser constituído um grupo de trabalho", que terá a responsabilidade de preparar a candidatura e que vai iniciar contactos com outras cidades, comentou Catarina Vaz Pinto.
Porém, a candidatura não poderá ser apresentada antes de 2018, já que Portugal integra o Comité do Património da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) até esse ano.
Segundo Catarina Vaz Pinto, o município terá, assim, "tempo para poder preparar esta candidatura com qualidade e com profundidade".
Numa alusão à candidatura do fado a Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO, a vereadora considerou que "foi uma candidatura muito bem-sucedida e muito bem preparada", dado que "houve uma grande concertação entre todas as entidades, artistas e organizações".
"É isso que queremos que aconteça também com a calçada", referiu.
Para a autarca, "a calçada é um elemento identitário muito importante de Lisboa", que terá mais "visibilidade e protecção" com a classificação.
"Tem de haver um equilíbrio em determinadas zonas e, por isso, há pavimento que está a ser substituído, mas de maneira nenhuma a calçada portuguesa está em risco na cidade", salientou Catarina Vaz Pinto, assegurando que "a Câmara está empenhada em contribuir para a sua expansão e inovação".
O vereador António Prôa, outro dos subscritores, disse à Lusa que "a calçada é um bem da cidade e, por isso, faz sentido que a Câmara seja capaz de decidir em torno desta causa".
De acordo o eleito social-democrata, a candidatura vai "tocar em várias dimensões", como a técnica de aplicação, a inovação do desenho e a criatividade.
No que toca à técnica, a autarquia vai "estudar novas técnicas na aplicação e manutenção da calçada", enquanto na vertente artística se pretende "desafiar artistas plásticos a criar novos desenhos e padrões".
"A calçada portuguesa tem vindo a ser associada a uma ideia de desconforto e incómodo e este é um momento importante para desmitificar essa ideia, mostrando exemplos da aplicação [de calçada] sem esse desconforto", vincou.
Com a aprovação da proposta, decidiu-se também recolocar a escultura criada para homenagear os calceteiros, inicialmente posta na Rua da Vitória (Baixa Pombalina) e que foi retirada após vandalismo, estando desde então guardada pelo município num outro espaço.
António Prôa estimou que "dentro de três meses", após recuperação, o "Monumento ao Calceteiro" esteja agora colocada junto à praça dos Restauradores.
Apesar de terem votado favoravelmente, os vereadores Carlos Moura (PCP) e João Gonçalves Pereira (CDS) sublinharam que o município deve "dinamizar e revitalizar" a escola de calceteiros.


[Fonte: www.hardmusica.pt]

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