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Manifestação de apoio à presidente do Parlamento catalão, Carmen Forcadell, no passado dia 16, em Barcelona |
Os partidos independentistas catalães realizam esta sexta-feira uma cimeira destinada a preparar a consulta de autodeterminação agendada para o próximo ano.
A reunião, anunciada pelo presidente da Generalitat, Carles Puigdemont, manteve-se, apesar do recente veto do Tribunal Constitucional espanhol aos planos do atual governo regional.
O alto tribunal admitiu na semana passada um recurso interposto pelo Governo de Mariano Rajoy, o que imediatamente suspendeu a convocatória do referendo unilateral. Ao mesmo tempo, o executivo catalão foi avisado do "dever de impedir" qualquer iniciativa relacionada com a anterior resolução independentista. Os responsáveis regionais foram ainda advertidos sobre as possíveis consequências penais derivadas de uma desobediência, incluídas "responsabilidades penais"
"Será que vão retirar as urnas com tanques?", respondeu o porta-voz do partido Convergència Democràtica, Francesc Homs, em tom de desafio ao governo central, liderado pelo Partido Popular. Quanto aos conselheiros do governo catalão, classificaram o documento enviado pelo Constitucional de "lamentável".
Também o presidente da Generalitat denunciou que há "instituições e partidos do Estado que querem atacar a força da Catalunha", afirmando que o futuro da região se escreve com "d" de democracia e assegurando que o referendo se mantém firme para 2017.
Carles Puigdemont acrescentou que pretende que a consulta popular tenha uma pergunta clara, de resposta binária e com "todas as garantias de inclusão". Posteriormente, o responsável irá procurar "o reconhecimento da União Europeia e da comunidade internacional".
O líder da coligação Junts pel Sí conta com o apoio do partido anti-capitalista catalão CUP, cujo porta-voz também garantiu esta semana que o referendo se vai realizar "sim ou sim". Como contrapartida, a CUP comprometeu-se a dar o aval ao orçamento regional.
"A maioria da sociedade catala quer um referendo: as sondagens dizem que 84% dos cidadãos na Catalunha deseja votar", disse Puigdemont em resposta a uma interpelação do líder do PP na região, Xavier García Albiol, que acusou o Govern de ser "prisioneiro" da CUP.
Presidente do Parlamento regional ouvida pelo juiz
Carme Forcadell, presidente do Parlamento catalão prestou declaração esta semana perante o Tribunal Superior de Justiça da Catalunha. A segunda autoridade da região foi ouvida pelo juiz no papel de investigada pelo delito de "desobediência" por ter autorizado um debate parlamentar sobre o processo independentista, anteriormente vetado pelo Tribunal Constitucional.
Trata-se da segunda vez na democracia espanhola que uma alta figura das instituições catalãs tem de se justificar em Tribunal, devido a decisões tomadas no exercício das suas funções, depois do anterior presidente da Generalitat, Artur Mas. "Se na rua se pode debater sobre o processo independentista, porque não no Parlamento?", questionou a responsável à saída do Tribunal.
Carles Puigdemont saiu em defesa de Forcadell, advertindo sobre o impacto internacional que teve a declaração e referindo os múltiplos sinais de solidariedade recebidos de países como Suíça, Irlanda, Dinamarca ou Inglaterra.
[Foto: QUIQUE GARCIA/EPA - fonte : www.jn.pt]
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