Escrito por Pedro Correia
Cheguei a pensar que Trás-os-Montes era um dos últimos redutos da portugalidade. Verifico que estava enganado: já não é. Confirmei há dias, consultando uma peça laudatória de um caderno semanal no Público escrito em parte por jornalistas que comem e dormem à borla nos restaurantes e hotéis que recomendam.
Este chamou-me a atenção pelo nome. Fica em Valpaços, belo concelho transmontano, mas mandou a língua portuguesa às urtigas, adoptando um nome importado da terra do Tio Sam. Intitula-se Olive Nature Hotel & Spa, vejam lá. A "amaricanice" aguda já se instalou junto à vetusta Serra da Nogueira.
«Uma proposta ancorada numa envolvente tranquila e na valorização do azeite», enaltece o Público na prosa lambida que caracteriza o suplemento. Recomendando, para relaxar, massagens no "Olive Spa by Dona Adelaide" - assim crismado, neste insólito crioulo luso-"amaricano". Para condizer com o nome do hotel.
Fixei o preço das massagens. Podem ser Aromas Campestres: 75 minutos pela módica quantia de 110 euros. Ou a Sensações do Campo: hora e meia a quem possa e queira esportular 240 euros. Coisa fina.
Preço médio das refeições: 35 euros. Quem optar pelo menu degustação, larga 55 euros. E se o repasto envolver "wine pairing" - esclarece ainda o Público - a conta sobe para 75 euros. O nome no idioma de Donald Trump deve pesar na factura.
Com tanta "amaricanice", até espanta que os preços não estejam em dólares. Trás-os-Montes ainda acaba travestido em Behind the Mountains. Já faltou mais.
[Fonte: delitodeopiniao.blogs.sapo.pt]
Pelos vistos quanto a preços estão à altura do desenvolvimento europeu! Na minha terra, na Branca, preços nos restaurantes simples populares andam pelos 8 euros. Assim, ao meio dia, cheguei a ter uma refeição que consta de sopa + prato de peixe ou carne+uma cerveja (vinho ou outra bebida)+sobremesa+café; tudo por 7,5 euros. Se vou a um outro restaurante de mais exigências já pagaria por uma refeição cerca de 15 euros!
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