Muitos brasileiros
já conhecem o direito à cidadania portuguesa por meio da comprovação
sefardita. Os judeus sefarditas viveram na Península Ibérica, foram
perseguidos pelo Estado e pela Inquisição e se espalharam por diversos
países, inclusive o Brasil. Essa reportagem mostra como descendentes
dessa mesma comunidade, só que em outros países, como o Reino Unido,
começam a olhar agora para as possibilidades de ter também a
nacionalidade portuguesa. As razões são variadas - a saída do Reino
Unido da União Europeia é uma delas.
Governos da Espanha e de Portugal aprovaram leis para restituir
cidadania aos descendentes
dos expulsos pelas inquisições espanhola e portuguesa. GETTY IMAGES |
Escrito por Naomi Grimley
Três anos atrás, Alex Abrahams folheava as páginas de um jornal quando viu um anúncio que acabaria mudando sua identidade.
"Os
governos da Espanha e de Portugal aprovaram leis de restituição para
oferecer cidadania aos descendentes daqueles expulsos pelas inquisições
espanhola e portuguesa no final do século 15 e início do século 16."
Alex,
advogado de 32 anos, é britânico e viveu em Londres por toda a sua
vida. Como muitos judeus britânicos, seus ancestrais foram para o Reino
Unido nos primeiros anos do século 20 para escapar do caos político e
civil na Europa.
A
família da mãe de Alex migrou para a Grã-Bretanha em 1914 a fim de
escapar da Guerra nos Bálcãs. Eles saíram de Salônica - atual região da
Tessalônica na Grécia - onde viveram por gerações. Era bastante sabido
que os judeus de Salônica haviam-se estabelecido lá depois de haverem sido
expulsos da Espanha e Portugal séculos antes.
Segundo
Alex, seu avô lhe disse para nunca esquecer que ele era um sefardita
(nome dos judeus originalmente oriundos da península Ibérica).
"É
parte da minha identidade", explica Alex. "Meu avô, apesar de ter
nascido em Londres, falou com sua família em ladino, um espanhol
medieval com pronúncia próximo do português, cheio de pedaços de turco,
italiano e hebraico."
A
herança também era culinária, como Alex lembra: "Ele e minha avó
costumavam cozinhar algo chamado bimuelos durante a Páscoa. Eles são
basicamente donuts feitos de matsá". Alex ri e maliciosamente
acrescenta: "Eles ficam OK se você colocar mel neles".
Três
anos depois de ver esse anúncio, Alex acaba de se tornar pai pela
primeira vez. Ele também está se tornando português, apesar de ter ido
ao país duas vezes.
Para
ele, é uma forma de reconhecer formalmente uma parte fundamental de sua
identidade. "Eu sei que soa como um elo incrivelmente tênue
considerando quantas gerações da família você tem que atravessar da
Idade Média até agora. Mas metade da minha família vem dessa comunidade e
dessas tradições. Eu acho que se meus avós e bisavós e seus
antepassados estivessem vivos hoje, eles aproveitariam a oportunidade
também."
Séculos de exílio
As
ruas do bairro de Alfama, em Lisboa, são sinuosas, pavimentadas e
atmosféricas. Os turistas são atraídos à área para ter uma ideia do que a
cidade medieval teria sido.
Ruth
Calvao, do Centro de Estudos Judaicos em Trás-os-Montes, gesticula em
frente a uma parede de pedra muito antiga e rústica sob o forte sol de
primavera de Lisboa. Apesar da estrutura antiga, o local ainda parece
que poderia suportar qualquer tipo de ataque militar moderno.
Este
é o local do antigo bairro judeu da cidade, situado ao lado da antiga
muralha da cidade. Uma placa de rua diz: "Rua da Judiaria". A história
que termina em pessoas como Alex Abrahams começou em bairros como este.
Em
1492, os monarcas espanhóis, Fernando e Isabel, emitiram o Decreto de
Alhambra, expulsando os judeus dos reinos de Castela e Aragão. Dezenas
de milhares de judeus procuraram refúgio na fronteira com Portugal.
Um
padre português, Andrés Bernáldez, observou à época como os refugiados
"caminhavam pelas estradas e pelos campos com grande dificuldade e
desgraça, com alguns deles caindo, alguns deles morrendo, outros
nascendo e todo cristão sentia pena deles".
No
pico deste influxo, estima-se que até um quinto da população inteira de
Portugal seja judia. Ruth - que nasceu na aristocracia católica, mas
depois se converteu ao judaísmo - descreve a crise dos refugiados:
"Todos os bairros judeus estavam transbordando por causa de todas essas
pessoas que vinham sem parar".
Em
1495, Manuel 1º ascendeu ao trono de Portugal. Embora primeiro visto
como amigável para a população judaica, ele queria se casar com a filha
de Fernando e Isabel, a infanta de Aragão. Como parte do contrato de
casamento, os governantes espanhóis insistiram que o mandatário
português adotasse as mesmas restrições para os judeus de Portugal.
Em
5 de dezembro de 1496, Manuel 1º ordenou a expulsão de todos os judeus
que não se convertessem ao catolicismo. Alguns partiram, mas quando a
política entrou em vigor, Manuel hesitou e até tentou retardar a partida
dos judeus.
"Ele
era muito ambíguo sobre isso", diz Ruth. "Sabia que muitas das finanças
de Portugal estavam em mãos judaicas - como portos, negócios e a
construção das caravelas que ajudaram na descoberta do Novo Mundo. Ele
não queria que os judeus fossem embora, por isso ele encenou conversões
forçadas."
Em 1506, uma multidão de Lisboa invadiu um dos antigos bairros judeus da cidade e massacrou cerca de 3.000 pessoas, incluindo mulheres e crianças. Foto: WOLFGANG KAEHLER |
No
centro de Lisboa, Ruth mostra onde uma conversão em massa envolvendo 20
mil judeus ocorreu no final de 1497. Reunidos em um pátio, foram
encharcados com água batismal. Esses judeus convertidos ficaram
conhecidos como "cristãos-novos".
Apesar
da conversão, os cristãos-novos enfrentaram restrições sobre seus
direitos legais, financeiros e civis, bem como ameaças à segurança. Sob o
herdeiro de Manuel, João 3º, a Inquisição foi criada em Portugal em
1536, com foco em novos cristãos suspeitos de secretamente praticar sua
antiga fé. Acredita-se que mais de 40.000 pessoas foram indiciadas pela
Inquisição, que durou até 1821, embora o último teste público tenha
ocorrido em 1765.
Em
1506, uma multidão de Lisboa invadiu um dos antigos bairros judeus da
cidade e massacrou cerca de 3.000 pessoas - incluindo mulheres e
crianças. O massacre é lembrado ali por um monumento fora da igreja de
São Domingos - metade de um orbe de pedra com uma estrela de David de
metal. A peça foi inaugurada em 2006 e prega um espírito de tolerância
no lugar do fanatismo.
O
massacre desencadeou outra onda de emigração. O império otomano, sob o
sultão Bayezid 2º, colheu os dividendos ao oferecer refúgio aos judeus
exilados - incluindo os ancestrais de Alex na região que era a então
Salônica.
Em
2013, os parlamentares portugueses aprovaram por unanimidade uma lei
que permite aos descendentes de judeus sefarditas requererem a
nacionalidade em Portugal. O projeto partiu de uma ideia da ex-ministra
da Saúde do país, Maria de Belém Roseira.
"Quando
eu estava no ensino médio e li a história, nunca entendi por que
Portugal havia institucionalizado a Inquisição", diz ela. Isso a
incomodou ao longo dos anos até decidir agir.
"Não
se pode recuperar as coisas como eram antes. Mas pode-se dizer que
foi um erro e foi inaceitável. Quando temos o poder de reparar uma
injustiça, devemos fazê-lo".
Maria
afirma que os eventos dos séculos 15 e 16 ainda são relevantes para a
política atual: "Não podemos assinar tratados internacionais sobre
direitos humanos, tolerância e igualdade se perseguimos pessoas por
causa de suas crenças. Na política, cabe-nos dar as sinalizações
corretas".
A
Espanha também aprovou uma lei semelhante, mas decidiu colocar um
limite de tempo nos pedidos e exigiu que candidatos passassem por um
teste de idioma. "Nossa lei era mais ampla", diz a ex-ministra. "Isso
foi algo que aconteceu cinco séculos atrás. Por isso, queríamos dar às
pessoas a oportunidade de ver suas raízes e suas famílias. Isso não é
uma questão de tempo".
Por
essa razão, muitos judeus sefarditas optaram por solicitar a cidadania
portuguesa. De qualquer forma, muitos de seus ancestrais teriam cruzado a
fronteira da Espanha para Portugal como refugiados.
Hoje,
Ruth Calvao recebe mensagens de muitos grupos ligados a comunidades
dessa diáspora - especialmente da Turquia. Ela vai mostrar a dez
famílias turcas judaicas uma área em torno do Porto neste verão. "Eles
realmente querem ver suas raízes", diz ela. "É tão lindo".
A Lei do Retorno
A sinagoga de Lisboa foi construída no início dos anos 1900 por judeus
que haviam retornado de um longo exílio no Marrocos e em Gibraltar.
O
edifício tem bancos de madeira com 12 pilares elegantes que sustentam
uma galeria superior. Na frente, há um friso de mosaicos cintilantes
sobre a arca que contém rolos da Torá. Acima disso, esculpida em pedra,
está a inscrição em hebraico, em tradução livre: "Saiba diante de quem
você está".
A
equipe fica surpresa com o número de pedidos de cidadania portuguesa.
Para ajudar o governo, eles emitiram certificados para aqueles que podem
provar que têm ascendência sefardita. Depois disso, os candidatos devem
solicitar, por meio do Ministério da Justiça, o processo formal de
naturalização.
Gabriel
Steinhardt preside a comunidade judaica em Lisboa. Embora ele próprio
seja descendente de judeus asquenazes (da Europa Oriental e da Rússia),
nasceu em Portugal e, portanto, as novas leis de nacionalidade têm para
ele mais uma influência emocional.
"Eu
chamo de Lei do Retorno", diz ele, "permitindo que os judeus
recebessem de volta um passaporte que normalmente estariam segurando se
seus ancestrais não tivessem sido forçados a sair. É o fechamento de um
círculo de reconciliação entre os judeus e Portugal".
Uma das pessoas que mais sabe sobre as motivações desses candidatos é o advogado israelense de imigração Yoram Zara.
Segundo ele, um grande número de turcos judeus logo se candidatou por causa da instabilidade política em seu país.
Quanto
aos candidatos israelenses, Yoram diz que muitas vezes eles buscam "um
passaporte da UE porque é meio que um símbolo de status - e para ter
acesso à fila rápida no controle das fronteiras". Mas há também um ponto
mais sério: "Não faz muito tempo que os judeus foram perseguidos e se
você tivesse os documentos certos, poderia escapar do seu destino.
Então, mal não faz ter outra identidade".
Brexit
E quanto ao Brexit, processo de saída do Reino Unido da União Europeia? Resultou em muitas candidaturas britânicas?
"No
dia em que os resultados do referendo foram anunciados, meu telefone
não parava de tocar, e os e-mails lotaram minha caixa de entrada", diz
Yoram. "Foi um pânico", diz, mas agora o fluxo se "acalmou muito".
Provar
a herança sefardita pode ser feita de várias maneiras diferentes.
Muitas pessoas conseguiram desenhar árvores genealógicas usando
registros de comunidades sefarditas estabelecidas, como a sinagoga Bevis
Marks, na cidade de Londres, e a sinagoga Portuguesa, em Amsterdã.
Se,
como Alex, você tiver fortes laços familiares com essa comunidade,
talvez seja necessário apenas uma carta de um rabino e um documento
familiar, como uma ketubá ou uma certidão de casamento.
Gabriel
Steinhardt viu algumas famílias britânicas reconstituindo suas raízes
familiares até o século 17, mas ele admite que são exceções. Houve
relatos até de pessoas que apresentavam chaves enferrujadas de antigos
domicílios familiares como prova.
"Eu
conheço pelo menos dois casos de judeus da Turquia que guardaram chaves
de casas em Portugal e as transmitiram por mais de 500 anos de geração
em geração", diz ele. "Obviamente, essas casas não existem mais, nem
sabem onde ficavam as casas. Mas é uma história muito comovente."
Outras
evidências enviadas incluíram fotografias de lápides e gravações de
canções cantadas por pais e avós, talvez em ladino, espanhol ou
português.
Por
meio de uma dessas demonstrações, o rabino Natan Peres, da sinagoga de
Lisboa, canta uma tradicional oração de mesa em espanhol chamada
Bendigamos: "É um exemplo de como os judeus que deixaram a península
Ibérica mantinham uma conexão cultural e espiritual com suas pátrias".
Gabriel
explica que muitas vezes os nomes de família são uma boa pista,
combinados com as regiões de origem das pessoas - por exemplo, as
diásporas estabelecidas na Turquia ou no Marrocos.
"Entendemos,
e o governo português também, que, exceto em alguns casos muito raros, é
difícil ter 100% de certeza. Mas é possível - com um alto nível de
certeza - dizer que a pessoa candidata é descendente de uma família
sefardita".
Gabriel
diz que hoje há cerca de 1.500 judeus praticantes em Portugal - no
último censo, 5.000 pessoas se identificaram como judias. É uma das
menores populações da União Europeia.
"Nossa
grande esperança é que talvez 1% dos que obtiveram a nacionalidade
permaneçam em Portugal entre nós e façam a nossa comunidade crescer um
pouco. Seria fantástico".
Etel
Sason é uma professora universitária aposentada de uma família
sefardita turca. Ela agora preenche seu tempo com o voluntariado em uma
escola secundária local em Istambul e um trabalho de cura em tempo
parcial em um centro de bem-estar. Ela ama a vida como é, mas mesmo aos
61 anos sente uma certa inquietação - algo que a leva de volta à
península Ibérica. Etel conta que seus antepassados viveram em Toledo,
na Espanha, até 1492: "Eles foram forçados a sair e parte de nós ainda
acha que pertencemos lá".
Etel
e sua família obtiveram a cidadania espanhola em 2016 por meio da
versão local da concessão de nacionalidade ligada à ascendência
sefardita. Ela agora está avaliando dividir seu ano entre a Turquia e
Espanha ou Portugal - possivelmente em Lisboa.
"Algo
me chama - talvez meus genes me estejam dizendo que eu já vivi lá
antes. Existem tantas semelhanças. Até os biscoitos que vendem em
Portugal - são os mesmos biscoitos que foram assados pela minha avó. A
sopa também - é a sopa da minha avó!"
Talvez
a coisa mais estranha seja que Etel diz que pode entender as línguas da
Espanha e de Portugal desse jeito. "É milagroso. Eu nunca tive aulas e
não sei escrever essas línguas, mas consigo entender quase tudo".
Os
pais de Etel, como os avós de Alex, falavam ladino em casa e há
bastante sobreposição para ajudá-la a entender o que os espanhóis e
portugueses estão dizendo.
"É tão fácil sentir-se em casa em Portugal. Lisboa é realmente como uma pequena Istambul. Sempre que visito sinto essa ligação".
Etel alugará uma casa em Lisboa no verão deste ano e diz que conhece outras famílias que se mudaram para lá definitivamente.
Ela
admite que não são apenas suas raízes sefarditas que tornam uma
perspectiva atraente. É também o fato de Portugal e Espanha terem boas
universidades e oportunidades de negócio, bem como um bom nível de vida,
em comparação com cidades europeias mais caras. O clima ensolarado,
claro, também ajuda.
Ciclo completo
Nem
todos os membros da família de Alex Abrahams compartilham seu
entusiasmo por se tornarem portugueses. "Minha mãe acha que sou louco",
confessa ele, apesar de serem suas raízes familiares que lhe dão o
direito de reivindicar a cidadania portuguesa independentemente. "Ela
achou ridículo quando eu contei a ela, mas à medida que mais pessoas se
inscreveram, ela começou a levar isso mais a sério".
Quando
ele decidiu fazer o pleito, mergulhou nos arquivos da família para
provar sua ascendência. E teve sorte de ter uma família tão bem
documentada.
Alex
tem uma foto de seus avós casando-se na sinagoga Holland Park, em
Londres, e ele até tem uma cópia original de sua certidão de casamento -
em hebraico, mas com frases ladinas também. Sua inscrição incluiu uma
cópia deste documento ao lado de uma carta do rabino da sinagoga,
atestando que sua família tinha fortes laços históricos com a
congregação de lá.
Curiosamente,
os registros da família de Alex também contêm um retrato em miniatura
do século 18. Mostra uma mulher em traje sefardita local do Marrocos.
Alex me diz que esta é a Fortune Stella Amar, sua tia. Ela é do lado de
sua avó materna, mas é mais um sinal de suas raízes sefarditas. É uma
imagem bonita, mas frágil. Felizmente, Alex não precisou se separar dele
para o seu pedido de passaporte.
Alex
ainda tem os documentos para mostrar como seus bisavós estavam isentos
da Ordem de Restrição de Aliens controlando seus movimentos. O
Ministério do Interior estava convencido de que, por serem originalmente
uma família de judeus da Península Ibérica, não representavam uma
ameaça interna à Grã-Bretanha.
Então
a família ficou. O avô de Alex, Harry, nasceu no oeste de Londres em
1915. Ele é o homem que disse ao seu neto para nunca esquecer sua
herança sefardita.
Após
a votação do Brexit em 2016, muitos cidadãos britânicos solicitaram o
segundo passaporte. Estima-se que 200.000 pedidos de passaporte irlandês
foram feitos por cidadãos britânicos em 2018.
Alex
diz que o Brexit desempenhou um papel importante em sua decisão: "Não
era apenas o horário da fila do aeroporto. O Brexit foi o catalisador,
mas eu teria feito isso de qualquer maneira".
Ele
afirma estar preocupado com a "linguagem conspiratória" de alguns
esquerdistas no Reino Unido: "Eles têm um problema com os judeus
modernos", diz ele. "Eles não acham que podem ser vítimas de racismo.
Então, eu me preocupo com o mundo em que meus filhos crescerão se isso
se tornar a política predominante".
Sua
crescente família também foi um fator na obtenção de um passaporte da
UE em um momento incerto na história britânica: "Tenho pensado sobre as
oportunidades oferecidas ao meu filho e se ele ficará em desvantagem".
Alex
se descreve como um "britânico orgulhoso e um londrino orgulhoso" e ele
insiste que não está planejando se levantar e sair de onde está. Mas
ele pensou na liberdade de movimento quando fez sua inscrição em 2016:
"Espera-se que a dupla nacionalidade não seja um tabu. Você pode ter
duas partes de sua identidade expressas através de seus passaportes".
Alex
gastou cerca dinlcuine 2.500 libras em sua busca pela cidadania portuguesa. O
aplicativo em si não custou muito, mas ele teve que contratar um
advogado em Lisboa e muitos documentos tiveram que ser autenticados ou
enviados por correio.
O
processo também levou cerca de dois anos e meio e ainda não acabou
oficialmente - ele está esperando para ter seus dados escritos no
registro de nascimento português. Depois disso, ele poderá obter um
cartão de cidadania e passaporte.
Ele afirma não ter planos imediatos para mudar sua família, mas também não descarta isso.
"Há
a possibilidade de que isso não seja apenas uma coisa simbólica que
Portugal esteja fazendo e que os judeus se mudem para lá e reconstruam
essas comunidades antigas. Isso seria incrível - uma parte incrível da
história judaica".
Ele
aponta que sua família estava na Península Ibérica e depois no Império
Otomano por mais tempo do que na Grã-Bretanha: "Impérios mudam, culturas
mudam e identidades mudam também".
Alex
ainda está esperando pelo pedaço de papel - ou e-mail - que diz que ele
é oficialmente português e britânico. O que ele fará para comemorar
quando finalmente chegar? "Eu vou investir de forma adequada em um
professor de português", ele ri, "porque o aplicativo que estou usando
não é ótimo!"
[Fonte: www.bbc.com]
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