Aplicativo deve ficar disponível nas plataformas digitais a partir de agosto deste ano, mas já está sendo testado por escolas de aldeias indígenas da região de Dourados (MS).
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Com o sonho de manter a cultura indígena viva, os alunos do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) de Dourados, município no sul do estado, criaram um aplicativo que permite a tradução entre guarani e o português com apenas alguns cliques. A invenção digital permite aos usuários terem contato e conhecerem a língua primitiva na palma da mão.
A ideia de criar o dicionário on-line surgiu através de uma das envolvidas no projeto. A estudante Gabriela Vito sempre teve contato com a cultura indígena por causa da avó, ativista falecida aos 62 anos. Mesmo com o exemplo dentro de casa, a jovem não aprendeu a falar o idioma.
"O guarani está-se perdendo rapidamente porque os jovens já não buscam aprender a falar guarani. Os anciões já não o ensinam mais, não o passam para os seus filhos", comentou Gabriela.
O pai da menina, Eder Vito, disse que a mãe, após fugir com a família para Campo Grande no início da década de 70, optou por não ensinar nenhum dos seis filhos a língua nativa para evitar que eles não sofressem preconceito na capital.
Vendo que a língua guarani estava sendo esquecida pela população indígena, Gabriela e mais dois colegas aceitaram o desafio dos professores e contaram com a ajuda da tecnologia para manter o idioma dos antepassados vivo e disponível para todos.
"A gente sempre observou que os estudantes que têm essa vontade de inovar, de trabalhar de forma diferente. Procuramos cada um deles para propor novas ideias e trabalhar juntamente com eles na pesquisa, no desenvolvimento de novas ações para a sociedade", explicou Evandro Falleiros, professor de desenvolvimento de Web.
Com a união de duas palavras, o aplicativo denominado Guaruak é capaz de traduzir cerca de 1,2 mil palavras do guarani para o português e vice-versa. O programa também permite que o usuário ouça a pronúncia e expressões do termo.
A previsão é de que o aplicativo esteja disponível nas plataformas digitais a partir de agosto deste ano, mas a invenção já está sendo testada por escolas de aldeias indígenas da região de Dourados, onde os materiais para ensinar a língua são escassos.
Com o trabalho e inúmeras pesquisas envolvidas, os participantes do projeto se sentem gratificados por criarem algo que, além de preservar e cuidar de um idioma antigo, também contribui com o processo de conhecimento das pessoas.
Todo o esforço já rendeu muitos prêmios aos jovens, mas a gratificação principal é a credencial para participarem de uma feira internacional que será realizada no Brasil.
Todos eles ainda planejam outros destinos para o dicionário. "A gente está tentando analisar como que se consegue continuar com o projeto, inclusive imaginar desdobramentos futuros do aplicativo. Mas caso isso não seja possível, sempre estaremos à disposição do projeto da instituição para ajudar os próximos que virão", afirmou o estudante William Melo.
[Fonte: www.g1.globo.com]
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