sábado, 17 de setembro de 2016

‘A Pianista’: um romance freudiano


Trocando em Miúdos: "A Pianista", livro de Elfriede Jelinek, é um clássico moderno, indispensável pela sua temática e discussão.



Freud

A chave para compreender a conflituosa relação de Erika com o mundo é a sublimação de Freud. De acordo com o pai da psicanálise, a sublimação é um mecanismo ou modo de defesa do ser humano contra as pulsões. Para Freud, as pulsões acabam por ter três destinos: o recalque, a inversão da pulsão em seu contrário/volta contra a própria pessoa e sublimação propriamente dita. A inversão e a volta da pulsão estão relacionadas ao sadomasoquismo e voyeurismo e, portanto, encaixam-se perfeitamente no que Erika vive.

Atualmente, Jelinek tem-se dedicado ao teatro, deixando de lado a literatura propriamente dita. Profícua e inesgotável, ela é certamente uma das figuras mais importantes do meio literário europeu. Seus trabalhos são sempre bombásticos, como pimenta nos olhos. O seu gosto pelo experimentalismo, a necessidade de colocar o leitor e o personagem em enrascadas fazem com que seja incompreendida em seu próprio país.

Tamanha ousadia coloca Elfriede Jelinek no rol de persona non grata de alguns grupos. A barbárie e o boicote de que já foi vítima provam sua genialidade. Ter recebido o Nobel levou a autora do céu ao inferno, acabando por ser agredida por críticos em suplementos literários da Áustria. De certa maneira, voltamos à teoria da sublimação e desembocamos no recalque.


[Fonte: www.aescotilha.com.br]

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