Trocando em Miúdos: "A Pianista", livro de Elfriede Jelinek, é um clássico moderno, indispensável pela sua temática e discussão.
Freud
A chave para compreender a conflituosa relação de Erika com o mundo é
a sublimação de Freud. De acordo com o pai da psicanálise, a sublimação
é um mecanismo ou modo de defesa do ser humano contra as pulsões. Para
Freud, as pulsões acabam por ter três destinos: o recalque, a inversão
da pulsão em seu contrário/volta contra a própria pessoa e sublimação
propriamente dita. A inversão e a volta da pulsão estão relacionadas ao
sadomasoquismo e voyeurismo e, portanto, encaixam-se perfeitamente no
que Erika vive.
Atualmente, Jelinek tem-se dedicado ao teatro, deixando de lado a
literatura propriamente dita. Profícua e inesgotável, ela é certamente
uma das figuras mais importantes do meio literário europeu. Seus
trabalhos são sempre bombásticos, como pimenta nos olhos. O seu gosto
pelo experimentalismo, a necessidade de colocar o leitor e o personagem
em enrascadas fazem com que seja incompreendida em seu próprio país.
Tamanha ousadia coloca Elfriede Jelinek no rol de persona non grata de
alguns grupos. A barbárie e o boicote de que já foi vítima provam sua
genialidade. Ter recebido o Nobel levou a autora do céu ao inferno,
acabando por ser agredida por críticos em suplementos literários da
Áustria. De certa maneira, voltamos à teoria da sublimação e
desembocamos no recalque.
[Fonte: www.aescotilha.com.br]
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