Michel Giacometti morreu há 25 anos, neste 24 de novembro. O etnólogo que fez o levantamento da música popular portuguesa apaixonou-se pelo país em 1959, quando veio curar uma tuberculose.
Por Bárbara Baldaia
As pessoas gostavam facilmente de Michel Giacometti. "Ele encontra na Guarda, em Trás-os-Montes, nas Beiras, em todo o lado em que andou, uma solidariedade imensa. Porque ele é um homem muito enternecedor, sabe tratar com as pessoas e tem um belíssimo sorriso", lembra o escritor Modesto Navarro, que era amigo dele.
"Nunca vi uma casa dum intelectual português tão bem organizada como a do Michel", confidencia, continuando: "O Michel fazia uma crítica muito cerrada aos intelectuais portugueses que não olhavam para a nossa vida, para o nosso interior, estavam sempre a olhar para Paris naquele tempo".
É um mal português: não ligar às origens. Por isso passa despercebido o trabalho que dá continuidade ao levantamento etnográfico feito por Giacometti. "Há interessados, continua a haver esse levantamento, mas é tudo em circuito fechado, porque em Portugal não se presta atenção ao que são as nossas raízes, ao que nos identifica", critica Modesto Navarro, considerando que isso "é uma tradição desgraçada nossa".
O próprio escritor tem feito trabalho nessa área. Na sexta-feira, no Museu do Trabalho Michel Giacometti, em Setúbal, vai falar do francês. De como ele veio para Portugal para curar uma tuberculose. De como se apaixonou por uma portuguesa. E depois pelo país: "Ele apaixona-se sobretudo por Trás-os-Montes e Alto Douro. Quando está em Lisboa, em tratamento, logo que pode, lá vai ele para Trás-os-Montes, onde decorrem algumas histórias interessantes do que foi o sacrifício dele na procura das nossas raízes e no que se perdia na memória dos transmontanos e dos durienses".
Giacometti fixou a memória do país. Morreu há 25 anos.
[Fonte: www.tsf.pt]
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