Editora
Cesárea publicou primeiro livro do escritor no Brasil. ‘Essa Angústia Louca de
Partir’, em setembro de 2014
O escritor chileno Pedro Lemebel,
um valente crítico do regime militar chileno (1973-1990), morreu de câncer de
laringe na madrugada desta sexta-feira, 23, aos 62 anos.
Um representante da família, Héctor Núñez, disse que o câncer
"pretendeu deixá-lo sem voz, mas quem poderia tirar a voz de Lemebel? Sua
voz existe e persiste", disse.
Em 2014, a editora brasileira
Cesárea lançou por aqui Essa Angústia Louca de Partir, reunião de narrativas
curtas que marcou a estreia de Lemebel no Brasil.
"Pedro foi um criador incansável, um lutador social, um
defensor da liberdade e uma voz que nunca se apagou, representando os
esquecidos, os muitos que se sentem órfãos em um país que não os represente nem
os acolhe", disse a presidente do Chile Michelle Bachelet, nesta
sexta-feira, 23.
"Se vai um valente e
talentoso literato, Pedro Lemebel. Devemos muito a ele por trazer à tona os
temas tabus, contrários à ditadura e próximos do povo", disse a presidente
do Senado, Isabel Allende.
Nascido em 21 de novembro de 1952,
Lemebel revelou sua homossexualidade em uma época em que o tema era tabu no
Chile. Em 1980, ele criou com o artista plástico Francisco Casas o coletivo
"Las Yeguas del Apocalipsis", com o qual fazia interrupções provocadoras
em atos públicos e exposições de arte que o transformaram em um ícone da
contracultura chilena.
Publicou poemas e antologias entre
os anos 1980 e 1990, e seu primeiro romance, Tengo Miedo Torero, apareceu em
2001. Na década de 1990, sua fama transcendeu as fronteiras latino-americanas,
e ele fez ciclos de palestras nas universidades americanas de Stanford e
Harvard, e durante uma semana completa recebeu homenagens na Casa de las
Américas, em Havana. Lemebel era próximo ao escritor Roberto Bolaño, que o ajudou
a internacionalizar suas obras.
Em 2006, ganhou o prêmio da
Fundação Anna Seghers, na Alemanha, e em 2013 levou o Prêmio Iberoamericano de
Letras José Donoso.
Sua última aparição pública
ocorreu há algumas semanas, no Museo Gabriela Mistral, vestido de branco, muito
magro e sem poder falar.
[Fonte:
www.estadao.com.br]
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