Assim como no Ciência Sem Fronteiras, bolsas serão
oferecidas por meio de editais específicos
Campus da Universidade de Oxford, instituição referência no ensino de inglês - Universidade de Oxford |
O Ministério da Educação (MEC) lançou nesta segunda-feira
(17) o Programa Idioma Sem Fronteiras, vinculado ao Ciência Sem Fronteiras e
voltado para alunos e professores de línguas que desejam elevar a proficiência
em determinada língua. A medida foi publicada no Diário Oficial da União.
Veja aqui a portaria.
De acordo com dados obtidos pelo GLOBO junto ao MEC,
serão sete línguas estrangeiras abrangidas: inglês, francês, espanhol,
italiano, japonês, mandarim, alemão. Cada instituição brasileira que participar
ganhará um “núcleo de línguas”, responsável por gerir a concessão das bolsas e
ministrar cursos presenciais nos idiomas que comporão o programa.
Os núcleos também poderão
aplicar testes de proficiência para estudantes que desejam obter um
certificado. A portaria esclarece que o novo programa será custeado por dotação
orçamentária da União, mas ainda não há valores exatos, uma vez que os editais
serão lançados conforme a demanda e as parcerias que forem firmadas.
Alunos de qualquer disciplina
de graduação poderão participar das aulas presenciais e on-line nos polos das
universidades credenciadas. Conforme O GLOBO apurou, o edital para o curso de
francês pela internet será lançado hoje, onde estarão disponíveis 1,5 mil
logins e senhas para usuários.
No entanto, só terão direito a bolsas de estudo no
exterior os estudantes de licenciatura em Letras das línguas estrangeiras
abrangidas no Idioma Sem Fronteiras. A ideia é que eles aprofundem o
conhecimento imersos em países falantes da língua que estudam. Em
contrapartida, os bolsistas ensinarão português para estrangeiros e promoverão
a cultura brasileira. A iniciativa já foi até batizada:
- O 'Português Sem Fronteiras'
é nossa língua, nossa cultura. Existe uma procura muito grande pela nossa
língua no exterior. Queremos suprir essa demanda e permitir a troca de
experiências das línguas para promover a maior internacionalização do Brasil.
Eventos como a Copa do Mundo mostraram que os estrangeiros precisam conhecer
nossa cultura – disse a coordenadora do Idioma Sem Fronteiras, Denise Abreu e
Lima.
INGLÊS SEM
FRONTEIRAS CUSTARÁ 22,5 MILHÕES EM TESTES
Ainda segundo a portaria, a
partir de agora, o programa Inglês Sem Fronteiras, lançado em dezembro de 2012,
entrará agora debaixo do guarda-chuva do Idioma Sem Fronteiras apenas como uma
das ações do novo programa. Até então, a iniciativa era a principal medida do
MEC para elevar a proficiência de possíveis candidatos a bolsas do CsF.
Por meio do IsF, qualquer
aluno de graduação de instituição pública de ensino superior pode inscrever-se
no My English Online (MEO), plataforma virtual com aulas e exercícios de inglês
gratuitos, oferecidos pelo governo federal. O site também se estende a
instituições particulares de ensino, desde que o estudante tenha tirado ao
menos 600 pontos no Enem. De acordo com dados da Capes, o MEO já tem mais de
500 mil inscritos.
Quem concluir as etapas do MEO
e cursar disciplinas abrangidas pelo CsF poderá fazer gratuitamente a prova do
Toel IPT, que avalia o nível de proficiência em inglês e é utilizada como
parâmetro para as principais universidades do mundo.
De acordo com dados obtidos
pelo GLOBO junto à CAPES, o Inglês Sem Fronteiras pretende custear cerca de 500
mil testes do Toefl IPT para alunos que queiram uma bolsa no exterior. Atingir
uma pontuação mínima na prova é pré-requisito para o ingresso nas principais
universidades dos Estados Unidos.
Cada teste saiu para o governo
federal ao preço de R$ 45, bem abaixo dos R$ 410 cobrados aos candidatos pela
empresa ETS, que faz a prova. Numa multiplicação simples, chega-se ao valor
total de R$ 22,5 milhões que o Brasil pretende pagar para melhorar a fluência
no inglês dos futuros bolsistas do CsF.
BRASIL MAL
EM INGLÊS
No entanto, mesmo fazendo o
dever de casa, o Brasil ainda está no nível "the book is on the
table" quando a aula é de inglês. Foi isso que a presidente do Núcleo
Gestor do Inglês Sem Fronteiras, Denise Abreu e Lima, e o vice-presidente,
Waldenor Barros Moraes Filho, aprenderam durante o Language Education
Innovation Forum 2014, promovido pela empresa EF Education First no começo de
março, em Oxford. Em um dos painéis sobre as diferentes políticas de promoção
do ensino de inglês no mundo, representantes de países emergentes como Turquia
e o Cazaquistão foram convidados a apresentarem seus "cases" de
sucesso. Denise e Waldenor mantiveram-se calados, apenas ouvindo os colegas.
O silêncio é compreensível, já
que o Brasil ficou estagnado em novo ranking de proficiência em inglês
produzido pela EF e divulgado na semana passada. No Índice de Proficiência em
Inglês 2014 (EPI, na sigla em inglês), o país manteve-se na 38ª colocação de um
total de 63 nações participantes.
A pontuação do país caiu
ligeiramente, passando de 50,07 na edição de 2013 para 49,96 neste ano. Com
esta nota, o Brasil ficou atrás de nações como Argentina, China e Peru. Na
ponta de cima da tabela aparece a Dinamarca, com 69,3 pontos, bem superior aos
38,02 do Iraque, lanterna do grupo.
Para Luciano Timm, diretor de
Relações Institucionais da EF Education First, a iniciativa do Idioma Sem
Fronteiras veio ao encontro exatamente do que o relatório do EPI apontava para
o Brasil, ou seja, ações de base voltadas tanto para o estudante quanto para o
professor. Timm descreveu o programa como “louvável” e afirmou que os
benefícios da medida serão sentidos nos próximos rankings feitos pela EF.
- O programa foca no ensino
desde as primeiras séries, tanto no aluno quanto na capacitação dos
professores, além de diminuir as barreiras para o intercâmbio e para
internacionalização. Se não houvesse ações como essas, a estagnação do Brasil
continuaria. Mas creio que já poderemos ver resultados concretos no próximo
ranking, porque a mudança de metodologias pode produzir.
O EPI é realizado anualmente
há três anos (antes, as edições eram divulgadas a cada dois anos). Os dados
desta edição foram compilados a partir de exames de inglês feitos no ano
passado por 750 mil alunos acima de 19 anos nos 63 países. Em quatro anos, o
Brasil conseguiu elevar sua nota em apenas 2,69 pontos, saindo da categoria de
proficiência em inglês de “muito baixa” para “baixa”.
[Fonte: www.oglobo.globo.com]
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