quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Política e linguagem em papo literário entre Jhumpa Lahiri e Etgar Keret

Americana e israelense abriram, na noite de segunda-feira, a série Encontros O GLOBO Pós-Flip

Os autores Jhumpa Lahiri, de "Aguapés", e Etgar Keret, de "De repente, uma batida na porta", em debate

Por Daniela Dacorso

A relação com a língua e o clima político de seus países foram os temas que dominaram o debate que reuniu a escritora americana de origem indiana Jhumpa Lahiri e o escritor israelense Etgar Keret, na Livraria da Travessa do Leblon, na noite de segunda-feira. A mesa, mediada pelo jornalista do GLOBO Bolívar Torres, foi a primeira atração da série Encontros O GLOBO Especial Pós-Flip, que traz ao Rio escritores que se apresentaram durante a Festa Literária Internacional de Paraty, encerrada no último domingo.

Autora de “Intérprete de males”, livro de contos que lhe valeu o prestigiado prêmio Pulitzer, e de “Aguapés” (ambos publicados no Brasil pelo selo Biblioteca Azul), seu mais recente romance, ambientado na Calcutá de seus avós, Jhumpa falou sobre seus antepassados e os desafios de escrever em bengali, inglês e italiano — ela se mudou para a Itália, onde está escrevendo um livro de ensaios, há dois anos.

— Fui educada na língua inglesa, então meu bengali foi se deteriorando com o passar do tempo. Tenho duas línguas maternas, e tento satisfazê-las na medida do possível, o que gera desapontamentos. Ainda me sinto pouco autêntica falando ou escrevendo em italiano, é como se eu estivesse sozinha em um deserto — contou.

Referência para as novas gerações de leitores israelenses, conhecido por seus textos bem-humorados e amalucados, Etgar Keret não escapou de comentar o atual conflito entre Israel e a Faixa de Gaza. O escritor, que está lançando no Brasil o livro de contos “De repente, uma batida na porta” (Rocco), se disse “perseguido” pelas críticas à política externa de seu país.

— Se você vê alguém que ama fazendo algo prejudicial a si mesmo, você tem que criticá-lo — afirmou Keret. — Minha família sempre foi capaz de discutir à mesa seus diferentes pontos de vista. Hoje, em Israel, isso é impossível.

O ciclo será encerrado nesta quarta, em dose dupla: às 17h, Andrew Solomon fala sobre o livro “O demônio do meio-dia”, na Casa do Saber O GLOBO; às 19h30m, Mohsin Hamid conversa com o editor Flávio Moura sobre seu romance “Como ficar podre de rico na Ásia emergente”, na Travessa do Leblon. A entrada é gratuita.

[Fonte: www.oglobo.globo.com]


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