Americana e israelense abriram, na noite de segunda-feira, a série
Encontros O GLOBO Pós-Flip
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Os autores Jhumpa Lahiri, de "Aguapés", e Etgar Keret, de "De repente, uma batida na porta", em debate |
Por Daniela Dacorso
A
relação com a língua e o clima político de seus países foram os temas que
dominaram o debate que reuniu a escritora americana de origem indiana Jhumpa
Lahiri e o escritor israelense Etgar Keret, na Livraria da Travessa do Leblon,
na noite de segunda-feira. A mesa, mediada pelo jornalista do GLOBO Bolívar
Torres, foi a primeira atração da série Encontros O GLOBO Especial Pós-Flip,
que traz ao Rio escritores que se apresentaram durante a Festa Literária
Internacional de Paraty, encerrada no último domingo.
Autora
de “Intérprete de males”, livro de contos que lhe valeu o prestigiado prêmio
Pulitzer, e de “Aguapés” (ambos publicados no Brasil pelo selo Biblioteca
Azul), seu mais recente romance, ambientado na Calcutá de seus avós, Jhumpa
falou sobre seus antepassados e os desafios de escrever em bengali, inglês e
italiano — ela se mudou para a Itália, onde está escrevendo um livro de
ensaios, há dois anos.
—
Fui educada na língua inglesa, então meu bengali foi se deteriorando com o
passar do tempo. Tenho duas línguas maternas, e tento satisfazê-las na medida
do possível, o que gera desapontamentos. Ainda me sinto pouco autêntica falando
ou escrevendo em italiano, é como se eu estivesse sozinha em um deserto —
contou.
Referência
para as novas gerações de leitores israelenses, conhecido por seus textos
bem-humorados e amalucados, Etgar Keret não escapou de comentar o atual
conflito entre Israel e a Faixa de Gaza. O escritor, que está lançando no
Brasil o livro de contos “De repente, uma batida na porta” (Rocco), se disse
“perseguido” pelas críticas à política externa de seu país.
—
Se você vê alguém que ama fazendo algo prejudicial a si mesmo, você tem que
criticá-lo — afirmou Keret. — Minha família sempre foi capaz de discutir à mesa
seus diferentes pontos de vista. Hoje, em Israel, isso é impossível.
O
ciclo será encerrado nesta quarta, em dose dupla: às 17h, Andrew Solomon fala
sobre o livro “O demônio do meio-dia”, na Casa do Saber O GLOBO; às 19h30m,
Mohsin Hamid conversa com o editor Flávio Moura sobre seu romance “Como ficar
podre de rico na Ásia emergente”, na Travessa do Leblon. A entrada é gratuita.
[Fonte:
www.oglobo.globo.com]
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