Por SYLVIA COLOMBO
enviada especial ao PERU
Encravado na montanha que molda a
"rambla" à beira-mar no sofisticado bairro de Miraflores, em Lima,
está o shopping Larcomar. Turistas compram roupas de grife feitas de pele de
alpaca, sentam-se para comer nas filiais das franquias de chefs peruanos
renomados e entram e saem de boates.
No "malecón", pessoas fazem jogging
usando iPods, como em Manhattan. O trânsito está infernal, infestado de carros
novos, enquanto modernos apartamentos e lofts são erguidos na avenida que mira
o Pacífico.
Lima é o reflexo do Peru que lidera as estimativas
de crescimento dos países latino-americanos em 2014. Segundo relatório do FMI
do mês passado, o país deve crescer 5,5% neste ano, mais que Brasil, México e
Argentina. Desde que começou o "boom" das "commodities"
devido ao crescimento chinês, o Peru atingiu taxas de crescimento altíssimas,
chegando à casa dos 9%. Seus principais produtos de exportação provêm da
atividade mineradora.
Agora, o cenário é diferente. Com a perspectiva da desaceleração chinesa, o país enfrenta o desafio de ter de diversificar suas exportações e fazer um investimento no parque industrial local.
Editoria de Arte/Folhapress
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"Por enquanto, estamos bem porque vendemos
pedras, basicamente, mas precisamos sair desse ciclo", diz o economista e
ex-presidente da Petroperu Humberto Campodónico.
Com as sombras baixando sobre o casal presidencial,
o ministro da Economia, Luis Miguel Castilla, se transformou no nome do governo.
Desde 2011, ele teceu uma sólida aliança com os
empresários, deteve projetos de nacionalização e liderou uma exitosa campanha
para atrair investidores internacionais, principalmente espanhóis e chineses,
para o setor de mineração (cobre, zinco, prata e ouro) e obras de
infraestrutura. Em dez anos, investimentos estrangeiros diretos no Peru
cresceram dez vezes.
O analista político Carlos Meléndez define assim a
atuação de Castilla: "Seu poder se baseia em sua legitimidade tecnocrática
e no fato de ser quem gera confiança no empresariado, o que traz legitimidade
ao governo."
Economistas e analistas ouvidos pela Folha concordam
que a estratégia de atrair investimento estrangeiro está sendo positiva, mas
que é preciso focar esses rendimentos em estímulo à produção industrial.
Um dos esforços que o governo vem fazendo é no
sentido de regularizar a atividade mineradora, foco de conflitos nos últimos
meses.
A regulamentação do trabalho de mineiros ilegais é
vista regionalmente como uma tentativa de fortalecer as corporações
internacionais. Bloqueios de rodovias, greves e protestos têm sido comuns na região
andina.
Outro problema que o governo enfrenta é o enorme
mercado de trabalho informal, que chega a 70% da força de trabalho.
Correndo por fora, uma das áreas em que o Peru vem
se destacando é a gastronomia. O "boom" da cozinha local começou por
volta de dez anos atrás e hoje responde a 3% do PIB.
Só Lima recebe 75 mil turistas interessados em
visitar restaurantes estrelados da cidade, e franquias dos principais chefs
estão em diversas capitais latino-americanas e europeias.
[Fonte: www.folha.com.br]
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