O pacto de governo na Catalunha prevê que a data do referendo da autodeterminação seja marcada até ao fim deste ano. A Esquerda Republicana propõe a primeira quinzena de de setembro de 2014, uma semana antes de os escoceses decidirem, também em referendo, se querem a independência.
A proposta da secretária-geral da Esquerda Republicana Catalã (ERC) aponta como alternativa dois domingos: 7 e 14 de setembro do próximo ano, ou seja, em todo o caso, antes do referendo na Escócia, que terá lugar a 18 de setembro de 2014.
Marta Rovira teme "o risco que o referendo escocês acabe por não ser um fator de impulso para o processo catalão", dado que na Escócia todas as sondagens têm dado uma confortável vantagem ao "Não" à independência. Por outro lado, ter os dois referendos ao mesmo tempo também não é praticável, defende a dirigente da ERC, já que na Catalunha não há tradição de ir às urnas à quinta-feira, o dia marcado para o referendo escocês.
"Direito a decidir" divide socialistas catalães
Ao contrário do processo na Escócia, em que a data e a pergunta do referendo foi negociada com Londres, a ideia do referendo na Catalunha depara-se com a oposição total de Madrid. Quer o PP quer o PSOE não aceitam que o governo catalão possa fazer um referendo para os cidadãos escolherem o futuro da ligação ao Estado espanhol.
No próximo dia 11 de setembro comemora-se a Diada (o dia da Catalunha) e a dirigente da ERC apelou ao Governo a que se associe à cadeia humana convocada pela Assembleia Nacional Catalã, a plataforma que na Diada do ano passado juntou cerca de dois milhões de independentistas em Barcelona, na que foi a maior manifestação desde 1977 na capital catalã. Meses depois, as eleições deram ampla maioria aos partidos defensores da autodeterminação da Catalunha. "Foi o Governo que iniciou o caminho em direção à liberdade nacional e à democracia, ele devia estar sempre ao lado das mobilizações cidadãs que trabalham nesse sentido", defendeu Marta Rovira, citada pelo site publico.es.
A questão da autodeterminação está a fazer mossa nas hostes socialistas catalãs, e o El País diz este domingo que centenas de militantes do PS catalão já entregaram o cartão de militante. A posição do partido é uma terceira via - os socialistas recusam a independência e apoiam uma consulta, desde que negociada e aprovada pelo poder central. Ou seja, na prática coloca os militantes sob fogo cerrado quer do PP e dos Ciutadans, que se opoem ao referendo, quer do bloco soberanista da CiU, ERC e ICV.
Nos últimos meses, a demissão de autarcas eleitos e as demissões coletivas nalgumas comarcas, com grupos de mais de cem militantes a explicarem em comunicado as razões da divergência que alastra nas bases, tem enfraquecido o PSC e mostra que o partido não se recompôs da derrota eleitoral de novembro, quando passou para terceiro lugar (atrás da CiU e da ERC) e perdeu mais oito deputados, obtendo um mínimo eleitoral histórico.
[Foto: Thundershead/Flickr - fonte: www.esquerda.net]
Sem comentários:
Enviar um comentário