quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Relatório da ONU destaca Brasil como porta de embarque de cocaína para África Ocidental e Europa

"Os modos de transporte de cocaína da América do Sul para a Europa via África Ocidental mudaram ao longo do tempo em resposta aos esforços de fiscalização. Grande parte da cocaína destinada à África Ocidental hoje vem do Brasil", refere o estudo.


Lisboa - O Brasil é cada vez mais porta de embarque de tráfico de droga para a África Ocidental, numa altura em que o fluxo de estupefacientes para a região começa a decair, segundo a agência da ONU anticrime organizado (UNODC), noticia a agência Angop.

O relatório "Crime Organizado Transnacional na África Ocidental: Avaliação de Ameaças", divulgado segunda-feira (25), refere que o fluxo de cocaína pela região "parece ter declinado" para cerca de 18 toneladas anuais, avaliadas em 1,25 mil milhões de dólares no mercado europeu, depois de ter atingido um pico de 47 toneladas em 2007.
"Os modos de transporte de cocaína da América do Sul para a Europa via África Ocidental mudaram ao longo do tempo, em resposta aos esforços de fiscalização. Grande parte da cocaína destinada à África Ocidental hoje vem do Brasil", refere o estudo.
Grupos criminosos nigerianos estão a exportar droga no maior país da América Latina usando contentores e fretes marítimos, para além de tradicionais métodos de correio aéreo e remessas postais.
"A quantidade de cocaína traficada para e através do Brasil aumentou consideravelmente nos últimos anos, como reflectido nas estatísticas de crescimento de apreensões. São Paulo alberga uma grande comunidade nigeriana, possivelmente a maior da região, e, de acordo com as autoridades brasileiras, este grupo foi progressivamente assumindo o controlo de exportações de cocaína do Brasil, deixando o mercado interno para gangues locais", salienta-se no documento.
"O Brasil tem sido uma fonte para a lusófona Guiné-Bissau, mas tornou-se uma fonte para os países toda a região", adianta a UNODC.
Da África Ocidental, tem-se registado um aumento no uso do Benin como ponto de partida para correios aéreos.
O relatório apresenta a Guiné-Bissau como um dos países que mais tem sido instabilizado pelo narcotráfico.
Uma preocupação crescente na região, para a UNODC, é a produção de metanfetaminas, depois de dois laboratórios de drogas sintéticas terem sido detectados na Nigéria em 2011 e 2012.
Em baixa nos últimos anos está o tráfico de pessoas para a Europa, devido à crise económica europeia, e as rotas existentes mudaram substancialmente, movendo-se para leste.
Quanto ao tráfico de armas, a UNODC considera que a maioria tem origem no desvio de arsenais das Forças Armadas e polícia dos países da região, de que é exemplo as 10 mil a 20 mil armas com origem na Líbia que "inundaram" o mercado, apresentando-se como uma "séria ameaça à estabilidade", que já se materializou no norte do Mali.
A pirataria marítima é outra fonte de problemas, com dezenas de ataques no Golfo da Guiné, e o Togo a tornar-se em 2012 no novo foco de ataques a petroleiros, atacados porque "há um mercado negro em expansão para os combustíveis na África Ocidental".
"A menos que os fluxos de contrabando sejam abordados, a instabilidade e anarquia vão persistir, e vai continuar a ser difícil construir a capacidade estatal e do Estado de Direito na região", refere a UNODC.
A agência da ONU sublinha a necessidade de melhorar os esforços regionais e internacionais para lidar com o problema das drogas e crime organizado na região, e combater a impunidade através de maior coordenação de esforços regionais e internacionais, a nível legal e policial.
Sugere ainda a investigação dos fluxos financeiros relacionados ao tráfico, "a fim de cortar as fontes de financiamento".
[Fonte: www.africa21digital.com]



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