Mario Vargas Llosa, agora membro da Academia Francesa
«Quando aprendi francês e a ler literatura francesa compreendi que, no fundo, ambicionava ser escritor francês. Estava convencido de que era impossível ser escritor no Peru, país sem editoras, com poucas livrarias, onde os únicos escritores que conhecia eram advogados que redigiam poemas aos domingos. Eu queria ser escritor. Por isso sonhava com França, com Paris.»
«A literatura francesa foi e continua a ser a melhor. O que significa ser a melhor? A mais audaz, a mais livre, a que é capaz de edificar mundos a partir de escombros humanos, a que põe ordem e clareza na vida das palavras, a que rompe com os valores existentes, a que desobedece à actualidade, a que regula os sonhos dos seres humanos.»
«A literatura francesa fez o mundo inteiro sonhar um mundo melhor. A literatura francesa permitiu que sejam hoje realidade muitas democracias, preservando a razão contra pesadelos e revoluções, após tantos fracassos e mortos.»
«Nenhum outro país como a França viveu a liberdade de maneira permanente, autorizando-nos todos os excessos literários e de outra natureza. Antes de qualquer outra nação, incorporou esses valores na literatura e na própria vida. (...) Daí que a França tenha visto nascer todas as correntes da vida e da literatura que exploravam as luzes e sombras, os redutos mais rebeldes da personalidade, como o dadaísmo, o freudismo, o surrealismo, com as suas diversas escolas e tendências.»
Mario Vargas Llosa, a 9 de fevereiro, no discurso de ingresso na Academia Francesa, onde se tornou o primeiro escritor de língua não francesa convidado a ter ali assento.
[Fonte: delitodeopiniao.blogs.sapo.pt]
Sem comentários:
Enviar um comentário