O partido da Reforma Democrática Alternativa (ADR) defende que já é tempo de o Luxemburgo homenagear Aristides de Sousa Mendes, cônsul de Portugal em Bordéus que salvou a família grã-ducal do nazismo e milhares de judeus do holocausto.
O partido da Reforma Democrática Alternativa (ADR) defende que já é tempo de o Luxemburgo homenagear Aristides de Sousa Mendes, cônsul de Portugal em Bordéus que salvou a família grã-ducal do nazismo e milhares de judeus do holocausto.
O desafio foi lançado através de uma questão parlamentar do deputado conservador Fernand Kartheiser, dirigida ao primeiro-ministro e ministro de Estado Xavier Bettel no dia 30 de outubro.
“Creio que até agora ninguém da esfera política mostrou um verdadeiro interesse sobre os méritos de Aristides Sousa Mendes e que podem cair no esquecimento”, disse ao Contacto o deputado do ADR, Fernand Kartheiser, depois de ter lido um artigo do coordenador do departamento de língua e cultura luxemburguesas do Instituto Nacional de Línguas, Jeff Baden, publicada recentemente no suplemento cultural “Die Warte”, do jornal Wort.
Durante a II Guerra Mundial, Aristides de Sousa Mendes emitiu em Bordéus, França, vistos sem autorização do Governo dirigido por António Oliveira Salazar. Em 1940, entre os “fugitivos” que receberam em Bordéus um visto para chegar a Lisboa estava a família grã-ducal, a grã-duquesa Charlotte, o seu marido, o príncipe Félix, e os filhos, entre eles o futuro grão-duque Jean, além de membros do Governo luxemburguês de então, que tinham escapado do Luxemburgo quando o país foi ocupado pelos nazis, e procuravam exílio.
“A
ação do cônsul Aristides de Sousa foi de uma coragem humanismo
exemplares. A sua fé cristã deu-lhe a coragem de se opor às instruções
de seu próprio Governo para salvar os outros. É um homem de enorme
mérito para o Luxemburgo, para os seus habitantes e para a comunidade
judaica em particular. Se ele não tivesse ajudado a família grã-ducal, o
Governo no exílio e numerosos cidadãos luxemburgueses, a história do
Luxemburgo poderia ter tomado outra viragem”, disse o deputado do ADR ao
Contacto.
A grã-duquesa Charlotte agradeceu, em 1968 a título póstumo, a ação do
cônsul, mas para o deputado do ADR o Luxemburgo pode fazer ainda mais
para honrar e perpetuar a memória de Sousa Mendes.
“Ele
deve entrar na memória do reconhecimento do Grão-Ducado. Espero que
ruas ou praças tenham o seu nome, que receba uma importante homenagem
póstuma e que o seu nome figure nos nossos livros de história. Por
ocasião da festa do Dia Nacional em 2018, espero que membros da sua
família ou, na falta deles, o embaixador de Portugal possa vir a receber
essa distinção a título póstumo”, defende Fernand Kartheiser.
Caberá
agora ao Governo responder à questão parlamentar “no prazo de um mês”.
Até lá, Kartheiser espera que a resposta seja positiva. “Não imagino que
sejam negadas por quem de direito honras e reconhecimento a essa grande
e importante personalidade”.
Aristides
de Sousa Mendes foi cônsul de Portugal para o Luxemburgo quando estava
destacado em Antuérpia, Bélgica, entre 1929 e 1933. Só em 1986 foi
postumamente distinguido pelo presidente da República Mário Soares com o
grau de Oficial da Ordem da Liberdade, e a sua família recebeu
desculpas públicas.
Em
1995, o mesmo chefe de Estado reabilita a memória do “cônsul
injustiçado” e distingue-o com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo. Em
abril deste ano, o presidente da República condecorou Aristides de
Sousa Mendes com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.
[Foto: Lusa - fonte: www.wort.lu]
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