Obra de referência para desbravar a obra de um dos mais importantes e influentes marxistas do século XX, ganha edição em português pela Boitempo

A Boitempo acaba de publicar o monumental Dicionário gramsciano, organizado por Guido Liguori e Pasquale Voza. Ao longo de quase mil páginas, o livro destrincha o pensamento de Antonio Gramsci em uma obra de referência com mais de 600 verbetes elaborados por alguns dos mais importantes estudiosos de sua obra no mundo. Confira, abaixo, o texto de orelha do livro, escrito por Marcos Del Roio, que também é um dos autores brasileiros do livro, ao lado de Carlos Nelson Coutinho, entre outros.
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Por Marcos Del Roio
Em 1975, ocorreu a publicação da chamada edição crítica dos Cadernos do cárcere de Antonio Gramsci. Organizada por Valentino Gerratana com o auxílio de um grupo de jovens estudiosos da obra do revolucionário sardo, essa publicação representou um salto significativo na apreensão desses textos, assim como um novo instrumento de pesquisa tornado imprescindível. A partir de então, a abordagem filológica possibilitou melhor compreensão do universo categorial gramsciano, da percepção de sua mobilidade, de seu formato analógico e dialógico.
Esse avanço nos estudos foi possível devido ao esforço de pesquisadores italianos, mas também de autores não italianos − estes em número cada vez maior. Acontece que o interesse pela elaboração teórica de Gramsci ultrapassou em muito o relativamente restrito número de estudiosos especializados ou em busca de especialização. Percebeu-se também que qualquer tentativa de vulgarização (no sentido de torná-la acessível a um público maior) da obra de Gramsci desde logo se arriscava seriamente a incorrer em distorções e simplismos fatais.
A partir de estudos aprofundados das palavras-chave da obra de Gramsci, seguindo o método filológico, desenvolveu-se no seio da International Gramsci Society Italia (IGS Italia) a ideia de construção de um Dicionário gramsciano. O objetivo era mesmo o de elaborar um instrumento de consulta e pesquisa que fosse útil a pesquisadores mais experientes, mas também acessível e de grande proveito para um público mais amplo de estudantes de diferentes níveis de formação. A iniciativa e a coordenação dos trabalhos ficaram a cargo do professor Guido Liguori, da Universidade da Calábria e atual presidente da IGS Italia, e do professor Pasquale Voza, da Universidade de Bari. Os colaboradores do Dicionário foram muitos e de diversos países, inclusive do Brasil.
A edição agora manuseada passou por algumas adaptações para que pudesse cumprir o objetivo proposto também para o público brasileiro. Com este Dicionário gramsciano, a Boitempo, com grande estilo, contribui com os estudos sobre a rica e instigante obra de Antonio Gramsci.









[Fonte: blogdaboitempo.com.br]
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