quarta-feira, 9 de novembro de 2016

O idioma unserdeutsch, em perigo




Escrito por Christian Andreu   

Um dos poucos crioulos do mundo, que tem como origem a língua alemã, o unserdeutsch, [literalmente, «nosso alemão»] está em vias de desaparecer totalmente. Há somente menos de 100 pessoas que o falam em todo o planeta. A sua sobrevivência até 2016 é um fato impressionante até para os próprios alemães.
 

Os falantes de unserdeustch hoje em dia são menos de 100 pessoas
Nascido como crioulo ou mistura de línguas diferentes em torno de 1900 na então colônia alemã de Nova Guiné, o unserdeustch é uma língua crioula que tem como base majoritária o alemão, e os germanófonos podem compreendê-la em mais de 80%. Porém agora a sua população de falantes viu-se reduzida a somente umas 100 pessoas, cuja maioria vive na Austrália.



O unserdeustch nasceu na atmosfera católica da missão alemã de Vunapope, próximo de Kokopo, em Papua-Nova Guiné. Depois de sair da escola, as crianças misturavam palavras alemãs com outras que utilizavam os pais, que eram marinheiros australianos ou emigrantes chineses.



Assim, em lugar de dizer Wohin gehts du? (Aonde vais?), os falantes de unserdeustch dizem Du geht wo? Outro exemplo: eles não dizem Was isst du? (O que comes?) como na Alemanha hoje em dia, mas Du essen was?



Uma língua prestes a morrer



O unserdeustch é a língua crioula no planeta

que tem como origem o alemão.

A pesar de o unserdeustch haver sido descoberto somente nos anos 1970, atualmente há uma equipe de linguistas que o estuda logo antes da sua morte definitiva. Craig Volker, da Universidade Divine Word em Madang com Peter Maitz e Werner König, da Universidade de Augsburg, Alemanha, estudam-no. “Um alemão pode compreender o unserdeustch bastante bem, já que o seu vocabulário é o mesmo”, é o que diz Peter Maitz.



Logo, os falantes de unserdeustch são todos bilíngues e bastante idosos. Todos falam seja alemão-padrão ou inglês, ou outras línguas crioulas como o tok pisin ou o kuanva. A maioria emigrou à Austrália durante a independência de Papua-Nova Guiné em 1975.



“É uma situação linguística triste, diz Maitz, já que é uma língua única no planeta todo e que tem como origem o alemão. Influenciou sobre outras línguas crioulas como o tok pisin, que é seu vizinho. Talvez seja agora que é preciso ajudá-la, e logo”.



[Artigo originalmente redigido em idioma occitano e publicado na seguinte página web: www.sapiencia.eu

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