sábado, 23 de abril de 2016

ISOJ 2016: Realidade virtual tem potencial para melhorar narrativa, mas logística é incerta, dizem especialistas

Por David Maly
Especialistas em jornalismo expressaram otimismo sobre o futuro da realidade virtual durante um painel no Simpósio Internacional de Jornalismo Online (ISOJ), no sábado, 16 de abril. Segundo eles, há ainda muita incerteza e questões atuais sobre a ferramenta incluem habilidades necessárias para produzir conteúdo, a sua viabilização para o público, custo e desenvolvimento de padrões éticos.
O painel foi moderado por Shazna Nessa, diretora do programa de jornalismo da Knight Foundation.
Os palestrantes disseram que realidade virtual, conhecida como RV, tem sido cada vez mais usada ao longo dos últimos anos por grandes empresas de notícias nacionais e está saindo da fase experimental. A maior parte do conteúdo de RV precisa ser acessado com tecnologia geralmente não disponível ao público em geral, como complexos fones de ouvido.

"É realmente algo fundamentalmente diferente, entrar profundamente dentro de uma história e sentir como se estivesse lá, podendo interagir com diferentes partes dela", disse Dan Pacheco, professor da inovação em jornalismo na Universidade de Syracuse.
Ele disse que há quatro principais tipos de conteúdo de RV sendo implementados: vídeo de 360o, VR através do uso de telefone com um auricular emparelhado, “sentar e andar por aí" e realidade mista no horizonte.
Jamie Pallot, cofundador da empresa RV Emblemático Group, disse que os usos ideais para RV na mídia estão simulando localizações fora do limite, narrativas em que a compreensão das dimensões de um evento são importantes, cenários onde a interação aumenta o impacto de uma história e a recriação de eventos do passado.
Ele citou a criação do Emblematic Group "One Dark Night", um aplicativo de RV que permite aos usuários, através do uso de um fone de ouvido, vivenciar através da perspectiva do vizinho George Zimmerman a cena da morte, em 2012, do adolescente negro Trayvon Martin, que foi baleado pela polícia e estava desarmado.
Tom Kent, editor da Associated Press, mencionou uma reportagem que o The Guardian fez intitulada "6x9: uma experiência imersiva de confinamento solitário", sobre as condições de uma cela solitária, por meio do uso de um fone de ouvido.
Carla Borrás, produtora de coordenação da série FRONTLINE da PBS, disse que, embora o fator novidade da RV tenha ajudado a dar força para a ferramenta, sua capacidade de melhorar o conteúdo será vital para o futuro sucesso.
"Acho que a história vai se tornar rainha", disse Borrás.
R. B. Brenner, diretor da Escola de Jornalismo da Universidade do Texas (UT), disse que a UT está trabalhando para criar um software que permite aos jornalistas criar conteúdos de RV sem ter de usar código, já que o complexo conhecimento de codificação só está geralmente presente nas redações de grandes organizações de mídia.
Kent, concentrando-se sobre a ética da RV, disse que os produtores de conteúdo costumam usar adivinhação para fazer uma narrativa virtual completa e a falta de precisão absoluta é algo que deve ao menos ser divulgado, embora seja incerto como essa divulgação deveria ser feita.
"Os produtores começam com a realidade, mas há uma grande tentação em tirar uma licença artística", disse Kent. "Algumas pessoas dizem que requer uma licença artística.”
Ele disse isso, porque as câmeras 360 graus usadas na captura de todos os ângulos de uma situação para a RV ampliam a discussão sobre quando o conteúdo não deve ser mostrado, como por exemplo os rostos das crianças sírias mortas na região costeira da Turquia.
"O que fizermos a partir de agora, nos anos seguintes, vai determinar que tipo de credibilidade [a RV] terá”, disse Kent.
O 17o ISOJ ocorreu entre os dias 15 e16 abril no Blanton Museum of Art, no campus da Universidade do Texas, em Austin. Vídeo de ambos os dias podem ser encontrados aqui em inglês, e aqui em espanhol.
O 18o ISOJ está agendado para 21-22 abril de 2017, em Austin, Texas.

[Fotos: Mary Kang - fonte: knightcenter.utexas.edu]

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