Um francês de 67 anos, a viver em Paris, conheceu o fado há mais de quatro décadas, em Lisboa, e percebeu depressa que queria aprender português para compreender o que ouvia, e para poder cantar também.
É um fadista de fim de semana, e com sotaque. «Não sou fadista amador, mas amador do fado», disse à Lusa. Não é profissional, não o quer ser. Não é um rouxinol, mas canta de mãos nos bolsos.
E conhece os grandes nomes da canção, as novas tendências, as melodias e as letras. Escreve sobre isso num semanário para a comunidade portuguesa em França e na Bélgica, e está a preparar um livro, que quer publicar no próximo ano: "A verdadeira história inventada do fado".
Diz que o seu «pequeno contributo» para o género que a UNESCO considerou, em 2011, como património cultural e imaterial da humanidade é «dá-lo a conhecer aos franceses», nas matinés em que participa e nas noites de fado vadio que organiza com amigos, em restaurantes da capital francesa e nos subúrbios.
Jean-Luc Gonneau canta desde a sua juventude, quando conheceu o fado de Alfama e da Mouraria: «Eu era estagiário na Companhia das Águas de Lisboa e descobri o fado no Solar da Madragoa, que era a casa de fado mais barata da cidade, 20 escudos de consumo mínimo, e onde cantava o César Morgado, de quem fiquei amigo», contou.
Nessa primeira viagem ficou em Portugal dois meses. Nos anos seguintes voltou «três, quatro, cinco vezes por ano» para ficar, «uma semana, duas semanas, um mês». E fez isto «quase durante 20 anos».
Aprendeu português por causa do fado: «Aprendi primeiro para compreender e depois para cantar. No início, o que me enfeitiçou no fado foi a música, não a palavra, porque eu entendia muito pouco. E, pouco a pouco, aprendi a beleza dos poemas. De alguns poemas. Mas aprendi por causa do fado e por causa da gente do fado. Para trocar ideias, para passar boas noites», acrescentou.
Canta fados clássicos, fados populares e outros modernos. As novas vozes - e guitarras - que surgiram na última década, diz, «são uma maravilha». Jean-Luc considera que o fado conta hoje com «jovens músicos de talento extraordinário».
[Fonte: www.tsf.pt]
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