Geração Editorial e Centauro, além da livraria Saraiva, serão
investigadas por racismo
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Edição alemã do livro de Hitler |
Antes
mesmo de as versões impressas do livro “Minha luta”, de Adolf Hitler, chegarem
às prateleiras brasileiras, uma batalha judicial está configurada. Nesta
sexta-feira, o procurador-geral do Ministério Público do Estado do Rio, Marfan
Martins Vieira, determinou que as editoras Geração Editorial e Centauro, além
da livraria Saraiva, sejam investigadas pela 1ª Promotoria de Investigação
Penal por racismo. A informação foi
revelada pelo colunista do GLOBO Merval Pereira em seu blog.
A notícia
crime sobre a reedição da obra foi enviada a Marfan pelos advogados Ary
Bergher, Raphael Mattos e João Bernardo Kappen. No texto, eles alegaram que a
obra é preconceituosa. Os advogados incluíram no pedido uma nota fiscal da
compra do e-book na Saraiva. Eles pediram ainda que a possibilidade de retirar
exemplares das livrarias não seja excluída:
"O livro escrito por Hitler é um incentivo ao
extermínio de seres humanos, das minorias — judeus, ciganos negros,
homossexuais — e por isso sua publicação, edição e comercialização vem sendo
proibida ao longo dos anos. As ideias nazistas apresentadas por Hitler em seu
livro falam de uma 'raça humana ariana' superior a toda as outras e única
merecedora da sobrevivência. Um claro incentivo, portanto, ao extermínio dos
que não são considerados pertencentes à linhagem ariana".
A obra,
publicada pelo ditador alemão antes de sua ascensão ao poder, entrou em domínio
público este ano
Procurada
pelo GLOBO, a editora Geração Editorial informou, em nota oficial, que pretende
lutar pelo direito de publicar a obra. “Trata-se de decisão equivocada do
Ministério Público do Rio de Janeiro a partir de petição histérica de advogados
desinformados”, diz o texto. O publisher da empresa, Luiz Fernando Emediato,
rebateu as acusações:
— Caso o
procurador insista, e isso acabe na Justiça, invocaremos nossos direitos
constitucionais, pura e simplesmente. Demonstraremos que nossa edição é, pelo
contrário, antinazista. Sua proibição teria repercussão mundial.
Nesta semana, escritores e professores
brasileiros lançaram um abaixo-assinado contra a publicação do livro pelas
editoras. Organizado por Daniela Lima, Giovanna Dealtry, Laura Erber e Ricardo
Lísias, o manifesto critica o tratamento gráfico dado pela Geração Editorial à
edição. O texto questiona se o livro realmente apresentará um panorama crítico
do texto de Hitler: “Se a capa do livro for semelhante ou idêntica àquela
apresentada no cartaz, mimetiza a estética dos atuais best-sellers direcionados
ao público adolescente. Por fim, a editora tem adotado o procedimento de
agredir pessoalmente aqueles que vêm se manifestando contra a edição comercial
do livro".
[Foto: Matthias Balk / AP – fonte: www.oglobo.globo.com]
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