Fotografar um menu e ter a tradução, conversar usando o tradutor no telemóvel, orientar-se numa cidade estranha. Bem-vindos ao mundo Google
Sentados numa mesa na Cervejaria Trindade, em Lisboa, um inglês e uma espanhola usam o tradutor de voz da Google para comunicarem. “Hola buenos dias. Como estás?”, pergunta ela. O smartphone Nexus 5 que tem na mão devolve uma voz feminina: “Hello good morning, how are you?”, o que faz o inglês sorrir e responder. “I’m very well thank you. How are you doing?”.
O desempenho da aplicação é instantâneo e impressionante, até que ela pergunta: “Quieres tomar algo?” e o que o inglês ouve é “Want to take something?”. Tomar significa beber, em espanhol, mas não há maneira de a aplicação descobrir isso. Para já. É que, por mais avanços que a tecnologia de tradução da Google tenha feito, ainda há um obstáculo a ultrapassar: a semântica.
“Tudo bem, não é um sistema perfeito”, diz Gareth Evans, relações públicas da Google no Reino Unido, sorrindo. Ele é um dos responsáveis pela primeira expedição “Google Gulliver”, que trouxe cerca de 50 pessoas de toda a Europa a Lisboa, para mostrar como as tecnologias móveis da Google podem mudar a vida de um turista.
“Há pessoas que têm medo de ir ao estrangeiro unicamente porque não entendem a língua”, explica ao Dinheiro Vivo a espanhola Anais Figueras, diretora de comunicação e relações públicas da Google para Portugal e Espanha. “O que isto permite é comunicar noutro idioma com outras pessoas.”
Traduzir o menu de um restaurante
E não apenas por voz: a aplicação permite tirar uma fotografia a algo escrito numa língua e traduzi-lo para outra - por exemplo, o menu de um restaurante.
“Quando se vai a sítios como o Japão, China ou Rússia, em que os idiomas são muito mais complicados, permite dar-te uma ideia do que vais comer”, diz. “Saber escolher de um menu é bastante importante para eliminar barreiras de língua.”
O grupo que veio a Lisboa esta semana, com nacionalidades tão diferentes como russa e sueca, começou a usar as “tecnologias para viajantes” da marca logo à chegada ao aeroporto, com o Google Maps e o Google Transit - a funcionalidade que informa como chegar a um ponto da cidade usando transportes públicos ou carro.
Precisamente um dos motivos pelos quais Lisboa foi a cidade escolhida, entre uma mão cheia de outros locais na Europa que foram considerados - sendo que foram feitos testes em Lisboa e Estocolmo, há dois meses, para decidir qual a cidade vencedora. A qualidade da informação disponível sobre Lisboa no Google Maps foi um dos pontos a favor, bem como a oferta de meios de transporte variados.
Os turistas usaram o metro, autocarro e até o elétrico. Depois, claro, as condições meteorológicas agradáveis (é mais provável haver sol e calor em Lisboa do que em Estocolmo).
“Viemos a Lisboa porque havia muitas condições positivas, como o tempo, o uso do Google Maps e até das fotografias, porque é uma cidade muito fotografável, tem muitos lugares icónicos”, acrescenta Anais Figueras.
A Google queria que o grupo experimentasse as novidades da aplicação de fotografias do Nexus 5 - o seu telemóvel próprio, que tem estado a promover mais agressivamente. E esta é, de facto, uma das suas maiores qualidades.
O grupo, que ficou no Hotel Beautique Figueira, pôde experimentá-las nas Portas do Sol e no Castelo de São Jorge, no centro da cidade, antes de um jantar no U Chiado Trendy Bar.
“Tem uma particularidade bastante interessante, que está incorporada no sistema operativo”, diz Figueras. “A aplicação Google Photos, que vem do Google+, permite fazer efeitos nas fotos e carrega-as automaticamente na nuvem: não tens de fazer isso.” O backup é automático e fica acessível quase imediatamente (mas não é partilhado no feed do Google+). “Também podes fazer um vídeo de 20 segundos com as fotos para partilhar de imediato com os amigos e poupar tempo, sem ter que carregar álbuns inteiros.” Além disso, a qualidade das fotografias é surpreendentemente elevada para um smartphone que custa 199 euros (na versão de 16 gigas, a de 32 gigas custa 250 euros).
A outra funcionalidade que a empresa quis realçar foi a dos Google Hangouts, que agora se podem fazer a partir do telemóvel (na prática, videoconferência com várias pessoas).
“Dentro de tudo o que é o conjunto de viagem, usas o telemóvel como um dispositivo que podes levar e permite romper as barreiras do medo do idioma e ir ao estrangeiro”, resume Anais Figueras.
Esta viagem da Google, que terminou com uma “caça ao tesouro” que passou pelo Mosteiro dos Jerónimos, Padrão dos Descobrimentos e Jardim de São Pedro de Alcântara, acabou por ser também uma revelação de Lisboa a pessoas que nunca tinham posto os pés em Portugal.
“Tantos turistas. Isto é sempre assim?”, ouvia-se comentar. Gareth Evans diz que tudo foi planeado em dois meses e que a Google certamente vai repetir esta expedição. Até porque algumas das tecnologias em que trabalhou nos últimos anos estão finalmente a atingir um grau de maturidade aceitável e beneficiam com o aumento da utilização.
Voz é a mais decisiva para o futuro
De tudo o que a empresa promoveu, a voz é a mais decisiva para o futuro. Por que? Os smartphones estão a mudar os padrões de utilização. Não serviria de muito ter tradução automática por voz no computador, mas poder usá-la no restaurante é outra coisa. O mesmo se passa nas pesquisas.
“Estamos no meio de uma transformação na pesquisa, da escrita para a voz. Porque o módulo tradicional da pesquisa não é prático no móvel”, salienta Pedro Moreno, cientista da Google.
A empresa tem 50 línguas disponíveis e está a trabalhar para que a pesquisa se torne uma interação. Em vez de dizer frases completas, o utilizador pode manter uma conversação com o motor de busca.
Se alguém perguntar “Quando nasceu Obama?”, a seguir pode questionar “Quantos filhos tem?”, sem precisar de voltar a dizer a palavra-chave Obama. “A Google torna-se um assistente pessoal.” É isso mesmo que quer com o Google Now, o assistente virtual que também está disponível para iOS e que - dizem os comparadores - é um pesadelo para o Siri.
[Fonte: www.dinheirovivo.pt]
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