Por Taline Velasques
Uma das melhores coisas que Buenos Aires proporciona ao visitá-la é o
prazer de passear por uma cidade que respira arte e design. As
demonstrações são diversas e não é difícil que se cruze, quase a cada
esquina, com uma peça publicitária/informativa feita em Helvetica – ou até mesmo na odiada Comic Sans. No entanto, o que realmente chama a atenção pelas ruas da capital portenha são os filetes, que aparecem praticamente em qualquer suporte que se imagine.
Com ares de Art Nouveau e influência das Iluminuras Medievais, o
filete portenho surgiu entre o final do século XIX e o início do século
XX, em Buenos Aires. Como toda arte urbana, não se sabe exatamente quem
foi o responsável por iniciar as pinturas de tal forma; mas é sabido que
sua utilização surgiu de maneira semelhante a das frases de carroceria
de caminhão comumente visto nos veículos brasileiros. Ocorre que no
final da década de 70 uma lei proibiu a pintura em veículos porque os
filetes distraiam os motoristas e poderiam causar acidentes. Desta
forma, ele ganhou as ruas em outros suportes: telas, fachadas, placas,
produtos, e, recentemente, tatuagens e campanhas publicitárias.
Ele é tão valorizado na Argentina, que existe um dia para celebrá-lo: 14 de setembro – a data faz alusão à primeira exposição de filete portenho,
realizada no ano de 1970, na Galeria Wildenstein, em Buenos Aires.
Geralmente, é composto por flores, pássaros, folhas, dragões, fitas (nas
cores da bandeira argentina), etc. Além disso, mistura linhas retas e
curvas com cenas bucólicas e personagens populares da cultura dos
hermanos, como Virgen de Luján e Carlos Gardel.
O filete caracteriza-se como imagem pictórica da capital e,
consequentemente, da Argentina e, assim como o tango, reproduz a
identidade da cidade. Atualmente, possui aplicações em áreas como o design, publicidade, moda, bodypainting, etc.
Se Discépolo disse que o tango é um pensamento triste que se dança; o filete é um pensamento alegre que se pinta. (Ricardo Gómez, fileteador argentino).
Fontes: 1, 2, 3.
[Publicado em www.designechimarrao.com.br]
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