Cursos com vocabulário técnico são a bola da vez
Instituições apontam até 30%de crescimento ao ano na procura por aulas de interesses específicos
Empregos gerados pela Copa do mundo estimulam procura por inglês voltado para esportes e turismo
DENERVAL FERRARO JR.
"Remição de pena" e "certificado de desdobro" são expressões que dificilmente serão ensinadas em uma aula de inglês. A não se rque o aluno esteja em um curso altamente especializado.
Nos currículos de hoje, o item "inglês fluente" não impressiona mais. Profissionais que têm domínio do vocabulário em sua área de atuação (as expressões citadas são ensinadas em aulas de inglês jurídico e financeiro) ganham pontos na hora de conseguir emprego ou uma promoção.
De olho nessa tendência, algumas instituições aumentaram a oferta de cursos específicos. O cardápio vai do inglês jurídico ao francês na área de moda, passando por chinês para turismo.
"O mercado está cada vez mais exigente.Hoje é preciso mostrar um requinte maior do idioma",diz Silvia Freitas, diretora de relações corporativas do Berlitz no Brasil.
Desde que chegou ao país, o centro de idiomas já oferecia cursos para negócios, com treinamento especial em apresentações, reuniões, redação de e-mails, compras e vendas e até aulas para falar ao telefone. Nos últimos dois anos, a escola percebeu a crescente demanda para quem quer lapidar o vocabulário.
Segundo Silvia, a procura por cursos profissionais tem crescido cerca de 20% ao ano. Assim, a Berlitz abriu novos cursos, para indústria, turismo, mercado imobiliário e medicina, entre outros setores. Há aulas, por exemplo, para pilotos, controladores aéreos e comissários. Mas é a área jurídica que está entre as mais procuradas.
O Alumni é uma das escolas que mantêm cursos bimestrais regulares para profissionais desse setor. As aulas são ministradas por advogadas, todas com experiência em inglês jurídico.
O tema mais popular é a redação de contratos. "A boa posição do Brasil no exterior e os investimentos estrangeiros tornam cada vez maior a necessidade do domínio dessas técnicas", afirma Jayme Costa Pinto, coordenador de tradução do Alumni.
FUTEBOL EM INGLÊS
Alguns alunos também buscam ensino direcionado fora do país. Foi o caso da estudante de direito Manuela Suppia, 24, que em julho de 2011 foi para Londres estudar inglês jurídico na escola Frances King.
Alguns alunos também buscam ensino direcionado fora do país. Foi o caso da estudante de direito Manuela Suppia, 24, que em julho de 2011 foi para Londres estudar inglês jurídico na escola Frances King.
Esse é um dos cursos vendidos pela Central de Intercâmbio. Segundo a gerente de cursos da agência, Luiza Vianna, desde 2009 tem havido um aumento anual de 30% na procura por cursos de idiomas técnicos.
A proximidade de grandes eventos esportivos no país aumentou a procura por aulas de gestão em esportes. A rede CNA criou um curso de seis meses de duração, desenhado para profissionais que atuam no turismo receptivo. As aulas são voltadas para as áreas de transporte,hotelaria, comércio e serviços públicos,que devem apresentar crescimento durante a Copa do Mundo em 2014 e a Olimpíada em 2016.
O curso mira uma oportunidade: segundo o Ministério do Esporte, apenas a Copa deve gerar 700 mil empregos. "As aulas são bem procuradas nas cidades mais turísticas e também em associações de lojistas e sindicatos de taxistas", diz Marcelo Barros, diretor de educação do CNA.
A escola também lançou um curso de inglês desenvolvido para árbitros e pessoas ligadas à organização de eventos esportivos, em parceria com a FPF (Federação Paulista de Futebol). As aulas, gratuitas, serão ministradas na sede da FPF, na Barra Funda, a partir de março. "O juiz não precisa se fixar na gramática, mas na parte prática. Além de aprender inglês, ele aprende como apresentar um cartão vermelho, apontar uma falta, registrar o resultado do jogo numa súmula", diz Barros.
Um dos alunos será Rafael Claus, eleito pela própria FPF como melhor árbitro do Campeonato Paulista de 2011.
"Meu inglês é bem básico. Quando a conversa engata, fico bem perdido", afirma Claus. "Para fazer parte do quadro de árbitros da Fifa, é preciso dominar a língua."
[Fonte: www.folha.com.br]
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