terça-feira, 4 de julho de 2017

Os tradutores (humanos) de inglês são mesmo necessários?

Em tempos de Google Tradutor, será que você precisa mesmo de ajuda humana para fazer a versão em inglês do seu currículo? Professora responde
Escrito por Lígia Velozo Crispino
Fundadora e sócia-diretora da Companhia de Idiomas 

Basta um pequeno deslize na tradução de uma mensagem para ela ser completamente adulterada. As consequências podem incluir prejuízos financeiros, abalo da sua credibilidade no trabalho ou até à perda de uma vaga de emprego, caso você tenha cometido erros na versão do seu currículo em inglês, por exemplo. 

Não podemos ignorar que a tecnologia traz uma imensa contribuição nesse sentido. Há diversos tradutores online, da Babel Fish ao Google translator. Essas ferramentas, porém, não dão conta de textos que precisam ser totalmente reescritos em outro idioma. 

Nesses casos, é imprescindível, no mínimo, contar com um profissional arrumando o que o tradutor eletrônico fez. Veja alguns exemplos abaixo: 

Babelfish 

Original: He is so boring I can\’t bear him any longer. 

Tradução automática: Ele é tão chato eu can\ ‘ t ele suportar mais. 

O que aconteceu? A ferramenta não traduziu a contração com apóstrofe e está gramaticalmente incorreta. 

Google Tradutor 

Original: Compulsively checking email, particularly first thing in the morning, is probably the biggest affliction to grip the modern-day professional. This was also the productivity-destroying habit I had found hardest to shake off. 

Tradução automática: Verificando compulsivamente o e-mail, especialmente a primeira coisa da manhã, é provavelmente a maior aflição para controlar o profissional moderno. Este também era o hábito de destruir a produtividade que eu tinha achado mais difícil de abalar. 

O que aconteceu? A ferramenta traduziu algumas palavras e estruturas de forma bastante literal, gerando estranhamento com algumas expressões que não existem dessa forma em português, como “a primeira coisa da manhã”, ou verbos que não cabem nesse contexto, como “abalar”. 

Qual é a conclusão? A tecnologia vem se aprimorando, mas ainda é necessário o olhar crítico e experiente de um tradutor que domina as particularidades, sutilezas e tem ótimo vocabulário e estruturação da língua. 

Esse profissional garante que o produto final será um texto cuidado, atento, estilística e gramaticalmente correto. 


Confira agora as diferenças entre tradução, versão e interpretação: 

Tradução simples 

É a mais comum. Compreende toda a transcrição de documentos, artigos, sites, e-mails, músicas, apresentações, filmes, livros, revistas, jornais entre outros itens, do idioma original (estrangeiro) para o português. 

Tradução juramentada 

É a transcrição de algum contrato, diploma, certificado, certidão ou outro documento oficial para o português. Essa tradução tem efeito legal no Brasil. A tradução juramentada é exigida quando o documento traduzido precisa ser válido para decisões oficiais, judiciais, de empresas e órgãos públicos e até mesmo de escolas, universidades e consulados. 

Versão 

Também pode ser simples ou juramentada, a diferença é que o original está em português e será transcrito para qualquer idioma estrangeiro. 

Interpretação simultânea 

Acontece ao mesmo tempo que o palestrante está falando. O intérprete escuta o que é dito por meio de fones de ouvido, interpreta a frase e já devolve a informação traduzida pelo microfone da cabine de interpretação. 

Como o intérprete fala ao mesmo tempo que o orador, é necessário utilizar equipamentos específicos (tais como transmissores, cabines à prova de som e receptores), a fim de evitar que o som da interpretação atrapalhe quem ouve o orador diretamente. 

O principal objetivo dessa modalidade é não perder nenhum detalhe. Outro ponto positivo da tradução simultânea é que ela não prolonga a duração do evento, uma vez que não é preciso esperar o intérprete falar em português o que o estrangeiro comunicou. 

Interpretação consecutiva 

O intérprete fica normalmente ao lado ou próximo ao palestrante. Ele fala em português após paradas pré-determinadas. Pode ser após um minuto ou frase a frase. Elas são mais recomendadas para pequenos grupos e reuniões. 

Ela prolonga o evento e os participantes dependem, muitas vezes, de uma seleção do intérprete, caso o orador fale por mais tempo entre cada parada. 


Lígia Velozo Crispino, fundadora e sócia-diretora da Companhia de Idiomas. É coautora do Guia Corporativo Política de Treinamento para RHs e autora do livro de poemas Fora da Linha e organizadora do Sarau Conversar na Livraria Martins Fontes.


[Fonte: www.exame.abril.com.br]

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