terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Em alta com os eventos e empresas

Ao lado do inglês David Harvey - pesquisador de geografia urbana e autor, por exemplo, de Cidades Rebeldes -, a cearense Beatriz Figueiredo fez uma tradução simultânea na Concha Acústica da Universidade Federal do Ceará (UFC). Lá, cerca de três mil pessoas aguardavam o que David tinha a dizer... por meio dela. Foi uma grande realização da tradutora e intérprete, com oito anos na profissão.
“Tive pouco tempo para preparar. Foi o maior desafio da minha carreira. Mas ele é um excelente palestrante e tudo ocorreu bem”, conta.
Beatriz ressalta que não escolheu a profissão. Começou como professora de inglês e algumas oportunidades a levaram à fazer tradução. Foi quando começou a investir na formação, mais fora do que localmente.
Com o crescente número de eventos internacionais, de multinacionais e do maior contato com o mercado exportador e importador, uma das atividades que crescem em Fortaleza é o de tradução e interpretação. Nesse contexto, já pode-se pensar em desenvolver a atividade como profissão.
“Fortaleza está crescendo muito para eventos internacionais. Mas ainda falta o conhecimento sobre o que é o intérprete profissional”, ressalta e destaca que não basta saber falar inglês. É preciso saber técnicas e ferramentas que ajudam na tradução e interpretação. “Para um evento de engenharia, por exemplo, precisa saber o vocabulário específico do setor”, detalha.
Ela ressalta haver ferramentas de computador que auxiliam a tradução. Ajudam a formar um base de dados de memória e terminologias. 
Ser plural
É preciso ter formação plural e conhecer muito bem o idioma estrangeiro e o próprio idioma para traduzir e interpretar. Essas são as observações da professora Luana Ferreira, coordenadora do programa de Pós-graduação em Estudos da Tradução da UFC. 

Ela ressalta que o mercado é bem restrito e fechado, principalmente, para interpretação e tradução de livros literários. “O mercado não é fácil de entrar e a remuneração varia muito. Vai depender do esforço, formação e tempo de profissão. Por exemplo, para textos traduzidos do inglês, espanhol e francês, paga-se menos. Para húngaro, grego ou chinês, paga-se mais”, explica.
Para o tradutor, ela ressalta a facilidade de poder trabalhar em casa.
Existe a dificuldade de não ter graduação na área em Fortaleza. “Temos, na UFC, aprovado o bacharelado em tradução, mas não foi implementado ainda porque não conseguimos vaga para professor”, lamenta. O caminho está traçado. 
RAIO X DA PROFISSÃO

Atuação

Eventos internacionais e nacionais de diversos ramos; empresas multinacionais; empresas que exportam e importam; órgãos públicos ligados ao relacionamento internacional e universidades. 


Atribuição

No caso da atividade de intérprete, faz a comunicação de um idioma para outro de forma simultânea. Para a tradução, é a transcrição de um idioma para outro, como contratos, documentos e obras literárias. 


Média salarial

Pode variar muito. Pode chegar a R$ 20 mil em um mês com muitos e bons eventos. Pode haver mês sem eventos.


Tempo de formação

De quatro a cinco anos.


Onde fazer
Não há graduação. Há pós-graduação na Universidade Estadual do Ceará (Uece) e na Universidade Federal do Ceará (UFC). Cursos fora do estado ajudam muito. Os cursos de Letras ligados a uma língua estrangeira podem ser um começo. 

[Foto: RODRIGO CARVALHO - fonte: www.opovo.com.br

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