Mobilidade, sustentabilidade e inovação são eixos em que as duas cidades
poderão trabalhar em conjunto. Rui Moreira está no Brasil e procura
também aproximação ao Rio.
![]() |
O porto tem vindo a apostar na monitorização de vários parâmetros da vida urbana, como o tráfego automóvel. |
Por Abel Coentrão
Os municípios do Porto e Curitiba, no Brasil, poderão vir a
desenvolver parcerias em áreas como a mobilidade, a inovação e o
desenvolvimento sustentável, temas em que a cidade brasileira vem sendo
considerada um exemplo mundial.
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, está
desde esta quarta-feira no Brasil, onde reunirá com responsáveis daquela
cidade, mas a visita relâmpago do autarca a este país inclui também
encontros com a prefeitura e outras entidades do Rio de Janeiro que, tal
como Curitiba, tem em curso projectos de mobilidade em desenvolvimento
com os portugueses do Centro de Excelência e Inovação na Indústria
Automóvel (CEIIA)
As duas cidades brasileiras fazem parte de uma rede mundial de
áreas urbanas, que inclui várias megacidades. Esta é conhecida como
C40, e promove troca de experiências e parcerias em vários domínios que
contribuem para o desenvolvimento sustentável e a diminuição da pegada
ecológica da imensidão de espaços urbanos em que o planeta se
transformou, e nos quais vivem 3,5 mil milhões de pessoas. Já o Porto
está integrado na rede Eurocities e tem mostrado vontade de participar
mais activamente nas redes portuguesa e ibérica de Smart Cities.
Esta
aproximação ao outro lado do Atlântico dá-se poucos meses depois de a
Comissão Europeia e o Brasil terem assinado um plano de acção comum para
o desenvolvimento e promoção
do investimento e da competitividade, visando o fortalecimento das
comunidades de negócio local, da exploração de oportunidades industriais
conjuntas e da simplificação administrativa, por exemplo. Os dois
espaços económicos, através do Orçamento Federal, no Brasil, e do
próximo orçamento comunitário, apostam no financiamento de projectos
que promovam a melhoria das condições de vida nas cidades, e o Porto
não quer ficar de fora desta nova orientação, e dos recursos que ela
proporcionará.
Moreira seguiu para o Brasil acompanhado pelo
vereador Filipe Araújo, que tem os pelouros do Ambiente e da Inovação, e
que já em novembro, no Congresso Mundial das Cidades Inteligentes,
em Barcelona, tinha contactado com um projecto de mobilidade inclusiva,
o Mareanas, que está a ser desenvolvido pelo CEIIA no complexo de
favelas da Maré, no Rio. A agenda dos autarcas portuenses, que serão
acompanhados por representantes do CEIIA, inclui um encontro com Eliana
Sousa, do Observatório das Favelas, o promotor brasileiro deste
projecto que pode ser exemplo para áreas defavorecidas da cidade do
Porto.
Em ano de Mundial de Futebol, e de grande exposição do
Brasil em todo o mundo, Rui Moreira terá quinta-feira reuniões com
várias entidades do Rio de Janeiro e com o prefeito Eduardo Paes. Na
mira do autarca português está também a promoção
da sua cidade no mercado daquele país, que nos últimos anos se tornou
num importante emissor de turistas para Portugal. Recentemente, aquando
da atribuição ao Porto do título de Melhor Destino
Europeu de 2014, Moreira tinha alertado para a necessidade de investir
na captação de visitantes de países com maior poder de compra, entre os
quais incluiu precisamente o Brasil.
Na quinta-feira à noite a comitiva portuguesa estará já em Curitiba, cidade recentemente considerada, pela Readers Digest,
como a melhor para se viver, no Brasil. São vários os motivos apontados
para esta distinção, mas um deles tem sido uma longa e permanente
aposta na melhoria da rede de transporte público, que tem ali 2,3
milhões de utilizadores diários.
Com a rede de metro estabilizada, e sem
perspectivas de obras de expansão nos próximos anos, o Porto procura
outras formas de aumentar a transferência de pessoas do transporte
individual para o colectivo, essencial para a melhoria da qualidade do
ar, da fluidez do trânsito e da vida urbana em geral.
A cidade do
Porto tem sido palco de experimentação de soluções tecnológicas de
medição de vários parâmetros da vida urbana – transportes incluídos – no
âmbito do projecto Future Cities, liderado pela Faculdade de Engenharia
da Universidade do Porto. A própria câmara tem em cursos projectos
internos que promovem uma mais eficiente recolha de dados
dos seus vários departamentos e a sua transformação em informação de
apoio à decisão política, pelo que esta passagem por Curitiba inclui uma
visita ao Instituto de Curitiba de Informática, entidade que desenvolve
soluções informáticas na área da gestão pública.
[Foto: Paulo Pimenta - www.publico.pt]
Sem comentários:
Enviar um comentário