A Junta da Galiza vai começar a introduzir paulatinamente a língua portuguesa na educação secundária daquela Região Autónoma de Espanha. A cooperação económica vai também ser aprofundada.
Dizem que o galaico-português é uma âncora forte que liga Portugal à Galiza desde há muitos séculos. O certo é que os portugueses, quando ouvem galegos, detectam apenas um ligeiro sotaque, mais uma das muitas formas de se falar português. Já os galegos, quando confrontados com portugueses a falarem num pseudocastelhano, costumam aconselhar (com algum azedume) a que falemos em português.
Esta aproximação tem sido uma constante das últimas décadas. E basta dizer que na Galiza até os jornais portugueses se vendem nos quiosques normais. Integrados em Espanha, os galegos sempre que podem nos vão dizendo do seu gosto em refazer o mapa da península. Lembram que para cá (Portugal) fugiram muitos galegos quando o regime franquista os perseguia, e paulatinamente vão construindo laços de aproximação a Portugal.
Nesse sentido, o presidente da Junta da Galiza, Alberto Nuñez Feijóo, disse na passada semana, no Porto, que tem intenções de “paulatinamente” introduzir o conhecimento do português como língua estrangeira no ensino secundário galego.
Depois de receber a Medalha Municipal de Honra da Cidade do Porto pelo seu contributo para o relacionamento entre o norte de Portugal e a Galiza, o presidente da Junta galega recordou o Memorando de Entendimento para a Adopção do Português como Língua Estrangeira de Opção e Avaliação Curricular no Sistema Educativo não Universitário da Comunidade Autónoma da Galiza, assinado em fevereiro de 2015, e afirmou que a intenção actual é ir “introduzindo paulatinamente o conhecimento do português como língua estrangeira dentro da educação secundária na Galiza”.
REFORÇO ECONÓMICO
Feijóo disse também que há intenção de ampliar estudos bibliográficos das línguas galega e portuguesa nas respectivas bibliotecas públicas.
Na área da Educação, o presidente da Junta da Galiza assumiu que o “programa de cooperação interuniversitária deve continuar, assim como a mobilidade de estudantes e a promoção de projectos formativos comuns”, acrescentou Feijóo.
Há “quatro áreas importantes” para reforçar da colaboração entre galegos e o norte de Portugal, observou o presidente da Junta da Galiza. Além da área da Educação e da Cultura, Feijóo falou também no âmbito institucional e no sector da Economia, referindo a necessidade de dinamizar os “respectivos mercados”, com Jornadas de Emprego no âmbito da eurorregião e no âmbito institucional” e organizando reuniões políticas sectoriais.
“Temos instrumentos muito importantes para materializar a cooperação”, afirmou, recordando que têm à disposição a primeira estratégia de especialização inteligente transfronteiriça da União Europeia, e que aspira a mobilizar 360 milhões de euros até 2020.
O presidente da Junta da Galiza defendeu também a vontade de trabalhar com o norte de Portugal para ambos se “posicionarem no mercado latino-americano”.
Em seu entender, “tanto a Galiza como Portugal têm condições para reforçar a colaboração no Brasil e nos países latino-americanos, trocando informação, fazendo missões conjuntas dos empresários, intensificando a nossa relação”.
COMPOSTELA NAS CIDADES LUSÓFONAS
Enquanto em Lisboa se defendia o reforço dos laços, Compostela decidiu juntar-se à associação das cidades lusófonas no decorrer de uma reunião em Luanda.
A capital da região espanhola da Galiza, Santiago de Compostela, foi já admitida como membro observador da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), durante a 33.ª assembleia-geral da organização, realizada em Luanda.
De acordo com o secretário-geral da UCCLA, Vítor Ramalho, reconduzido nas funções para novo mandato, até 2019, esta aproximação, com a adesão à organização, resulta “do desejo” de Santiago de Compostela de “reforçar as relações com as cidades do mundo lusófono, não apenas com as portuguesas.
A UCCLA conta actualmente com 41 cidades lusófonas associadas, além de cerca de 40 empresas cooperantes, e nesta 33.ª assembleia-geral terminou o mandato de Maputo (Moçambique) na liderança rotativa da comissão executiva, que passa agora a ser assumida, até 2019, por Santo António do Príncipe, em São Tomé e Príncipe.
Esta cidade vai receber no final do corrente ano a próxima reunião da comissão executiva, enquanto a 34.ª assembleia-geral da UCCLA deverá ter lugar em Cascais, Portugal, no início de 2018, conforme proposta daquele município, aprovada na mesma reunião.
O apoio à organização e formação no seio das autarquias que integram a UCCLA é uma das prioridades da organização, que está a virar-se também para a promoção económica destas áreas no exterior.
Além disso, a UCCLA tem conduzido candidaturas a fundos comunitários e ao Instituto Camões para projectos de apoio ao desenvolvimento nas respectivas cidades, explicou o secretário-geral da organização.
[Fonte: www.jornaldiabo.com]
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