domingo, 2 de julho de 2017

Interesse do país tem que guiar políticas linguísticas timorenses - Ministro da Educação

O ministro da Educação timorense defendeu hoje que as políticas do uso das línguas oficiais, tétum e português, nos vários níveis do sistema de ensino devem ser guiadas "única e exclusivamente" pelo interesse nacional.
Ministro da Educação de Timor-Leste, Dr. Antonio da Conceição
"O que tem gerado inúmeros debates é a forma como as línguas oficiais devem servir o sistema de ensino e devem servir uma educação de qualidade para todos os cidadãos. Esta questão não é exclusiva do Ensino Básico, mas é extensível a outros níveis de ensino, como por exemplo, o Ensino Superior", afirmou António da Conceição.
"Para a resolução desta questão, aquilo que nos deve guiar é, única e exclusivamente, o interesse nacional", disse em Díli.
António da Conceição falava no final do 3.º Congresso Nacional da Educação, que terminou em Díli, e onde foram debatidos, ao longo de três dias, os principais desafios que o setor educativo timorense enfrenta, incluindo a questão das línguas.
A declaração final defende que se deve "elaborar e aprovar uma política do uso das línguas oficiais em cada um dos níveis do sistema de ensino e propor a revisão da Lei de Bases da Educação", designadamente no que se refere às línguas do sistema educativo.
O objetivo é harmonizar esse diploma com o Estatuto da Carreira dos Educadores de Infância e dos Professores do Ensino Básico e Secundário, "onde se expressa que o pessoal docente deve deter o domínio proficiente da língua portuguesa enquanto língua principal de instrução e de aquisição de ciência e do conhecimento", recomenda o texto.
Para o ministro, esta recomendação respeita "o princípio do interesse nacional, o pensamento dos fundadores do país, o pensamento dos principais parceiros educativos, como é o exemplo da Igreja Católica, as opções dos principais académicos e pedagogos e ainda a voz da comunidade educativa".
Apesar das diferenças de opinião patentes, António da Conceição destacou os "consensos obtidos nas seis áreas-chave do sector" que podem agora servir para o próximo Governo, que sairá das eleições parlamentares de 22 de julho, poder atualizar os planos estratégicos nacionais.
Uma "reflexão crítica, profunda e realista da situação do sector educativo, tendo por base um diagnóstico abrangente, elaborado pela estrutura do Ministério da Educação", disse o ministro.
Tratou-se de "um diálogo inclusivo, transparente e abrangente, onde participaram os principais atores e agentes educativos" e em que se "encontraram soluções concretas que respondem ao interesse nacional", disse.
Transversal a todo o congresso, sublinhou, esteve a questão do uso das línguas oficiais, português e tétum, enquanto línguas de ensino.
"É um facto inquestionável", disse, que as duas línguas "são elementos indissociáveis da História, da cultura e da identidade" dos timorenses "enquanto povo e enquanto Nação".
António da Conceição terminou com um apelo aos participantes no congresso para que não se esqueçam dos sacrifícios do passado no seu trabalho em prol do futuro do país.
"Durante a batalha que enfrentamos pela qualidade do nosso sistema educativo, nunca esqueçamos e sejamos sempre fiéis e sempre leais aos valores pelos quais a nossa resistência se fundou e venceu a luta pela liberdade", disse.
A maioria dos trabalhados do congresso, incluindo todas as principais intervenções e palestras, foi apresentada em língua portuguesa.

[Fonte: www.dn.pt]

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