A peça "Libretto", concebida e interpretada pelo escritor Jacinto Lucas Pires e pela coreógrafa francesa Alma Palacios, estreia-se hoje no Teatro Municipal Maria Matos, em Lisboa, no âmbito do 31.º Festival de Almada.
Trata-se da quinta peça a estrear na edição deste ano do Festival, com a
 qual o escritor Jacinto Lucas Pires faz a primeira incursão em 
território teatral. O escritor e a coreógrafa francesa são também os 
intérpretes da obra. 
"É um espetáculo que fala da questão da tradução, tanto da tradução de 
línguas, como de linguagens, que põe em choque a palavra e o movimento, e
 em que o não traduzível reside na força criadora", disse Jacinto Lucas 
Pires à agência Lusa. "Um espetáculo em que, sem recurso a tecnologia, 
tentamos também fazer cinema", acrescentou. 
O escritor estará em palco a contar uma história em simultâneo com a 
coreógrafa e bailarina, que interpreta a personagem principal da 
história, mas, à medida que o espetáculo avança esta personagem 
"recusa-se a ser mandada pelo escritor, emancipa-se, acabando por se 
tornar criadora e autora do seu próprio destino", adiantou Jacinto Lucas
 Pires. 
"Num sentido metafórico [a peça] tem muito a ver com o destino da 
Europa", pois "autor e personagem surgem quase em formato de luta de 
classes", sublinhou Jacinto Lucas Pires, que também é realizador e 
músico. 
"Libretto" remete ainda para uma noção de Europa "num sentido positivo",
 prossegue o autor, e "vai ao encontro da afirmação de Umberto Eco, que 
diz que a língua oficial da União Europeia já existe, chama-se 
tradução".
"Uma Europa em que nos devemos aperceber que deixámos, enquanto cidadãos
 europeus, que fosse assim uma espécie de tios, uma coisa longínqua [um 
familiar longínquo], que só nos mandava dinheiro e nos mandava comer 
peixe um bocadinho maior do que o normal, enquanto devíamos estar 
atentos, porque somos os nossos próprios tios", explicou.
Com pintura de Tomás Cunha Ferreira e figurino e grafismo de Sara Amado,
 "Libretto" regressa ao palco do Maria Matos, na quarta e quinta-feira. 
"Libretto" é a quinta e penúltima peça portuguesa a estrear-se no 31.º 
Festival de Almada, a decorrer desde dia 04 de julho, em 12 espaços de 
Lisboa e Almada. 
O Festival de Almada foi criado em 1984 pelo ator e encenador Joaquim 
Benite, diretor da Companhia de Teatro de Almada (CTA) até à sua morte, 
ocorrida a 04 de dezembro de 2012. 
O certame termina na sexta-feira e, entre espetáculos de rua, colóquios,
 concertos, sessões de cinema e tertúlias, totaliza um total de 139 
sessões. 
[Fonte: www.rtp.pt]
 
 
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