Foram publicados em outubro de 2013 os dois primeiros volumes da Gramática do Português pela Fundação Calouste Gulbenkian, com cerca de 2.400 páginas.
Esta obra é o resultado de um projeto iniciado há 13 anos, e que contou com a colaboração de 40 professores e investigadores de 12 universidades portuguesas e estrangeiras.
O trabalho concilia a visão da chamada gramática tradicional com os avanços dos estudos de linguística de meados do século XX. A Gramática esclarece os usos formais do português e fornece explicações linguísticas para os desvios dos usos comuns da língua.
“Uma das características mais salientes da Gramática da Gulbenkian, e que a distingue doutras gramáticas, reside precisamente em aproveitar estes dois tipos de resultados no âmbito da investigação sobre o português, alcançados por numerosos linguistas nos últimos quarenta e poucos anos”, disse o professor do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa, Eduardo Paiva Raposo, que apresentou a obra na Fundação Gulbenkian.
“Só uma equipa vasta de linguistas, especialistas em diferentes áreas, poderia ter realizado esta obra”, assim elogia o equilíbrio entre a diversidade de temas e a uniformização de estilo e de conceitos. Segundo Raposo, “o uso de uma terminologia e de um modelo fundamentados na gramática tradicional, bem como o objetivo de realizar uma obra uniforme, tanto teórica como estilisticamente, e não uma coleção solta de textos sem um fio condutor, levou a um intenso esforço de harmonização da Gramática por parte da Comissão Organizadora”.
Manuel Carmelo Rosa, diretor do Serviço de Educação e Bolsas da Fundação Gulbenkian, concorda: “É uma gramática de muita qualidade que nos permite, a nós todos – e eu me incluo nisso – ter acesso a um instrumento que nos vai ajudar a clarificar dúvidas relativamente à qualidade e à forma como nós devemos utilizar a Língua Portuguesa.”
–– Conciliar prescrição gramatical com avanços da linguística ––
A nova obra procura dar uma abordagem internacional da Língua Portuguesa: baseia-se no chamado português europeu “culto” contemporâneo, mas mostra também a dimensão geográfica da língua, com a dialetologia de Portugal e com os usos linguísticos no Brasil, em Angola e em Moçambique. Com mais de 16 mil exemplos de usos do português, a Gramática da Gulbenkian foi concebida como um suporte para tirar dúvidas e aprofundar conhecimentos sobre fenómenos da língua.
A nova obra procura dar uma abordagem internacional da Língua Portuguesa: baseia-se no chamado português europeu “culto” contemporâneo, mas mostra também a dimensão geográfica da língua, com a dialetologia de Portugal e com os usos linguísticos no Brasil, em Angola e em Moçambique. Com mais de 16 mil exemplos de usos do português, a Gramática da Gulbenkian foi concebida como um suporte para tirar dúvidas e aprofundar conhecimentos sobre fenómenos da língua.
Um dos pontos de dúvidas é explicado pela também professora do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa, Maria Antónia Mota, uma das cinco coordenadoras do projeto: “Por exemplo: há uma tendência que se amplifica hoje em dia de pluralizar o verbo ‘haver’. E, portanto, nós ouvimos muitas pessoas dizerem: ‘haviam várias pessoas na sala’. O facto de nós verificarmos que muitos falantes cultos usam essa forma faz com que nós a encaremos.”
A forma pluralizada do verbo “haver” não é aceite segundo a Gramática do Português, mas a professora fornece uma explicação linguística para a sua ocorrência: “Os falantes que dizem ‘havia três pessoas na sala’, eles põem o verbo ‘haver’ como um verbo impessoal. E então, ‘as três pessoas na sala’ é um complemento do verbo. E depois, as pessoas que dizem ‘haviam três pessoas na sala’, elas vão interpretar ‘as três pessoas na sala’ como um sujeito deslocado à direita do verbo.”
A obra – cujo terceiro volume está previsto para ser lançado em 2015 – foi apresentada na Conferência Internacional de Educação ocorrida na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, em 28 de outubro de 2013. Destina-se a quem tem um nível de instrução médio ou superior e quer utilizar bem a Língua Portuguesa.
Trata-se de uma obra com a chancela do Plano de Edições da Fundação Calouste Gulbenkian, aguardada há muitos anos, e uma ferramenta de grande utilidade a quem tem a Língua Portuguesa como meio de expressão e instrumento de trabalho. :::
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• Reportagem de Inês Timóteo, da Fundação Calouste Gulbenkian, sobre o lançamento dos dois primeiros volumes de Gramática do Português:
• Reportagem de Inês Timóteo, da Fundação Calouste Gulbenkian, sobre o lançamento dos dois primeiros volumes de Gramática do Português:
–– Extraído da Rádio Renascença e da Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa, Portugal) ––
[Fonte: ventosdalusofonia.wordpress.com]
[Fonte: ventosdalusofonia.wordpress.com]
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