A parlamentar brasileira avalia que a falta de ratificação do tratado por pelo menos um país africano de língua portuguesa demonstra que o acordo ortográfico, da forma como está, não é bem-sucedido.
Na avaliação da senadora brasileira Ana Amélia Lemos, as oito nações lusófonas deveriam iniciar um debate sobre a eficiência e validade do acordo ortográfico.
Ela é autora do projeto de lei que propôs que o país adiasse a entrada em vigor do Acordo de 2013 para 2016. O projeto deu origem ao decreto da presidente Dilma Rousseff, sancionado no fim do ano passado.
"Percebo que existe uma certa resistência bastante visível dos portugueses, não só em Portugal, mas dos outros países de língua portuguesa, em relação a esta questão", afirmou a parlamentar.
Segundo ela, é "preciso fazer um trabalho novamente de examinar, do ponto de vista diplomático, do ponto de vista da própria língua com a academia, com as universidades, com os professores da língua portuguesa não só no Brasil, mas nos outros países, para saber se de fato este acordo é válido, se deve ser feito e assim por diante".
Para a senadora brasileira, a falta de ratificação do tratado por pelo menos um país africano de língua portuguesa demonstra que o acordo ortográfico, da forma como está, não é bem-sucedido.
"Eu acho que ele já fracassou por isso, porque esses países não assinaram ainda. Imagine, nós não temos outras formas de entender por que Angola não ratificou (o Congresso assinou, mas não ratificou), Portugal – o Congresso português está manifestando o desejo de haver um adiamento do Acordo também. Está claro que não há consenso em torno de uma matéria tão delicada. O que é a língua? É a identidade de um país. A identidade dos países de língua portuguesa."
Anunciado em 1990, o atual acordo ortográfico foi endossado por todos os oito membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que abriga as nações que falam o idioma. A decisão foi anunciada em 2008, durante a 7ª Cimeira dos Chefes de Estado e Governo da entidade. Na mesma ocasião, o bloco aprovou a estratégia de "internacionalização" do português.
Um ano depois, o Brasil implementou a reforma ortográfica, de modo voluntário, o que foi seguido em parte por Portugal.
Segundo a CPLP, o acordo ortográfico tem como objetivo harmonizar as duas escritas do português: a brasileira e a europeia com o intuito de melhor promover a língua no mundo incluindo em organizações internacionais.
[Fonte: www.portugaldigital.com.br]
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