No artigo publicado na semana passada fizemos referência ao lançamento do livro intitulado “Amália Ditadura e Revolução” da autoria de Miguel Carvalho, previsto e ocorrido depois da redação do texto.
Sem de modo algum pretender, na presente evocação, esgotar a análise crítica deste estudo de cerca de 600 páginas, o que já de si atesta a abrangência, queremos agora assinalar a relevância tanto do estudo como da oportunidade de uma evocação vasta e englobante de uma das artistas mais marcantes da sua geração, no âmbito de criatividade musical que o fado implica, mas também, e talvez sobretudo na projeção e na diversificação da vida e presença internacional e na qualidade artística de Amália, como cantora, como atriz, como criadora e intérprete, como nome sempre relevante nas artes do espetáculo.
E sem de modo algum agora percorrer e evocar a total criatividade e diversidade da carreira de Amália, aliás tão desenvolvidamente evocada e analisada no livro, importa isso sim sublinhar diversos aspetos dessa vasta e, insista-se, diversificada ação artística que tanto marcou a sua época e que tanto merece hoje ser recordada.
E tenha-se presente que o estudo remete para uma bibliografia de mais de 200 títulos e referências, o que por si só confere a abrangência da pesquisa: isto tudo, insista-se, a partir da biografia de uma artista portuguesa, que, como tal, note-se bem, alcançou, na sua atividade criativa e de carreira, um nível ímpar de âmbito mundial.
Acrescenta-se ainda um conjunto vasto de testemunhos, depoimentos e entrevistas de mais de 90 individualidades identificadas.
E de tal forma que as suas ligações políticas não impediram a carreira a nível, insiste-se, mundial: e hoje menos ainda impedem o reconhecimento da sua extraordinária qualidade e criatividade.
Nesse aspeto, o livro de Miguel Carvalho impõe-se sem dúvida pela qualidade mas também pelo levantamento cronológico documental e bibliográfico largamente adequado à carreira artística de Amália e à projeção que em vida alcançou e que, não obstante o tempo recorrido e as mudanças inerentes, largamente mantém: mas apesar disso, é obviamente oportuna a evocação.
E apraz ainda assinalar designadamente então a heterogeneidade dessas fontes e a relevância que a pesquisa envolve, o que não obsta à originalidade meritória da investigação. E é um aspeto que nos apraz salientar.
Como é amplamente de lembrar que a lista de depoimentos recolhidos ultrapassa os 90!...
Tudo isto é meritório na perspetiva da biografada e do biógrafo. E acrescente-se que o centenário de Amália Rodrigues amplamente justifica estas e tantas mais referências e análises.
(Bibliografia - Miguel Carvalho - “Amália Ditadura e Revolução” ed. D. Quixote 2020)
DUARTE IVO CRUZ
[Fonte: e-cultura.blogs.sapo.pt]
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