Nos últimos anos, professores da universidade venceram
nove prêmios nacionais de tradução
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Caetano Galindo e Guilherme Flores: professores e tradutores da UFPR. |
Escrito por Guilherme Voitch
A Associação Paulista de Críticos
de Arte (APCA) divulgou a sua lista de melhores de 2017 na
última segunda-feira (11). Na categoria Tradução, o
vencedor foi um professor do Departamento de Letras da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Tem sido assim desde 2012. Três docentes da UFPR foram premiados em cinco das
seis últimas edições do prêmio, um dos mais importantes e representativos da
arte e da cultura brasileira.
O vencedor
mais recente, Guilherme Gontijo Flores, foi premiado pela obra Fragmentos Completos, da poeta
grega Safo. Publicada
pela Editora 34, a obra reúne toda a produção conhecida da poeta árcade que
viveu entre os séculos VII e VI a.C.
Professor
do Departamento de Polonês, Alemão e Letras Clássicas da UFPR, Flores já havia
ganhado o premio APCA em 2013 pela tradução de A Anatomia da Melancolia, de Robert
Burton, publicado pela Editora UFPR. A tradução de Burton
também rendeu a Flores um Prêmio Jabuti em
2014. No ano seguinte, ele recebeu o Prêmio Paulo Rónai, da Biblioteca
Nacional, pela tradução de Elegias, de Sexto
Propércio, publicado pela Editora Autêntica, que reúne num
único volume os quatro livros de poesia do autor clássico romano.
Em
2016, o APCA de Tradução foi para uma professora já aposentada da universidade,
Regina Przybycien. Ela traduziu do polonês a obra Um Amor Feliz, da
poeta Wislawa Szymborska,
publicada pela Companhia das Letras.
Anteriormente, o professor Caetano Galindo, do Departamento de Linguística,
Letras Clássicas e Vernáculas, ganhou o APCA de 2012 e 2014, com a tradução de Ulisses,
de James Joyce, e Graça
Infinita, do escritor norte-americano David
Foster Wallace. Pela tradução de Joyce, Caetano levou ainda o
Jabuti de Tradução de 2013 e o prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira
de Letras.
Ambiente
intelectual
No total, são nove
prêmios nacionais de tradução em cerca de sete anos, um marco que situa a UFPR
como principal polo da tradução brasileira
atualmente. “Não pode ser ser só coincidência”, arrisca Galindo, sobre a
concentração de prêmios debaixo do mesmo teto. Para ele, o Departamento de
Letras soube inserir os talentos individuais em um ambiente intelectual
“propício”. “Tem havido um trabalho progressivo, lento e eficiente de formação
de tradutores e criação de um ambiente intelectual fértil em que conversamos,
trocamos ideias, nos provocamos e discutimos projetos”, afirma.
Flores vai na mesma
linha. Para ele, a universidade soube trabalhar o “acaso” de contar com
talentos da mesma área de atuação. “Hoje em dia há um movimento institucional
que fortalece o bacharelado com ênfase em tradução e as possibilidades de
pós-graduação em tradução. Isso representa uma garantia institucional para
bolsas, presença em eventos e seminários de tradução”, diz Flores. Segundo ele,
além do grupo de professores, já há bons tradutores entre os alunos da
universidade, inclusive, com alguns deles já publicando por editoras
conceituadas.
Futuro
Enquanto forma novas
gerações de tradutores, a UFPR pode aumentar sua coleção de troféus nos
próximos anos. A editora Penguin deve lançar já em 2018 a tradução de Galindo
para Dublinenses, o
livro de contos de James Joyce. Além disso, o professor trabalha na tradução de Finnegans
Wake, último romance do escritor irlandês. Galindo terá feito,
desse modo, um mergulho único nas obras de Joyce. São três obras já traduzidas (Ulisses,
Retrato do artista enquanto jovem e Finn’s Hote), uma
já entregue e uma em processo de tradução. Ao mesmo tempo, ele deve se debruçar
sobre outro gigante da literatura, dessa vez da poesia. A Companhia das Letras
encomendou a Galindo uma nova antologia do poeta T.S.Eliot.
Flores,
por sua vez, finaliza a tradução da Obra Completa de Quinto
Horácio Flaco, um dos principais poetas da Roma Antiga, e dos Epigramas de Calímaco,
poeta grego do século III a.c. As traduções de Flores serão as primeiras
traduções poéticas para o português das duas obras.
[Fotos: Kate Griffin e
Leonardo Bettinelli/UFPR – fonte: veja.abril.com.br]
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