Por Gilberto Costa
Após conseguir instituir entre o Brasil e Portugal o acordo para a equivalência e o reconhecimento dos diplomas de engenheiros e arquitetos,
assinado no dia 10 de junho em Lisboa, durante a visita da presidenta
Dilma Rousseff, o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas
(Crup) quer estabelecer entendimento semelhante para liberar a atuação
de médicos nos dois países.
“Queremos construir uma rede universitária entre os dois países”, disse à Agência Brasil
o presidente do Crup, António Rendas, que também é médico e reitor da
Universidade Nova de Lisboa. Segundo ele, o trabalho de compatibilizar
currículos da medicina será mais fácil do que no caso das engenharias,
porque essas têm diversas modalidades e a medicina uma estrutura
curricular comum às diversas especialidades.
Conforme Rendas, “os médicos portugueses têm formação de primeira
linha, moderna e atualizada”, e alguns já trabalham em países da União
Europeia. Em Portugal, os médicos podem ter até nove anos de estudo,
conforme a especialização. Antes de tornarem-se clínicos, os estudantes
de medicina fazem prova do Ministério da Saúde e, após a especialização,
também são submetidos a exame da Ordem dos Médicos.
A admissão de médicos estrangeiros para trabalhar no mercado
brasileiro, especialmente nas periferias e nas cidades do interior, é
analisada pelo governo da presidenta Dilma Rousseff há algum tempo. Em
novembro do ano passado, quando a presidenta esteve em visita oficial à
Espanha, o assunto foi tratado pelos dois governos.
Na declaração conjunta do encontro, Dilma e o primeiro-ministro
espanhol, Mariano Rajoy, disseram que “ambos os mandatários reconhecem
os benefícios do intercâmbio de profissionais e consideram importante
iniciar um diálogo com vistas a estudar mecanismos que facilitem a
mobilidade de profissionais entre os dois países”.
Na semana passada em Lisboa, a presidenta e o primeiro-ministro
português, Pedro Passos Coelho, registraram, em declaração semelhante,
que “identificaram interesses convergentes no domínio do emprego, que
poderão beneficiar-se de medidas facilitadoras de maior e melhor
mobilidade profissional e da agilização dos processos administrativos e
burocráticos para a obtenção de vistos de trabalho”.
Em entrevista à imprensa lusitana, dois dias antes da chegada de
Dilma Rousseff a Lisboa, o embaixador do Brasil em Portugal, Mário
Vilalva, informou que já havia tratado do assunto com o governo
português, que “se mostrou muito aberto à proposta”.
No Brasil, após chegar da viagem a Portugal, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que tratou do assunto
com o colega português, Paulo Macedo. De acordo com o ministro
brasileiro, a possibilidade de contratar médicos estrangeiros já
produziu reações contrárias da categoria profissional.
No caso das engenharias e da arquitetura, a Ordem dos Engenheiros de Portugal reclamava do corporativismo brasileiro
e da falta de cumprimento de acordo assinado em 2011 pelo Conselho
Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea). Após o acordo
firmado na última semana entre o Crup e a Associação Nacional dos
Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), o
ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal declarou que esperava
“que o mesmo sentimento construtivo existisse entre as ordens de um país
e de outro”.
Edição: Graça Adjuto
[Fonte: www.agenciabrasil.ebc.com.br]
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