Editoras focadas na publicação de livros sobre religiões de matrizes africanas buscam um lugar nas prateleiras e nos corações dos leitores
Até pouco tempo atrás, o leitor mais atento podia enumerar, usando os dedos de uma mão, aquelas editoras que se dedicavam a publicar livros sobre as religiões de matrizes africanas. A Madras e a Pallas são as mais conhecidas e que estão há mais tempo na estrada, mas esse número tem crescido. Recentemente, duas novas casas chegaram – cada uma com as suas especificidades – para ocupar um espaço ao sol. A Arole, que já já completa dois anos de vida, é uma delas. A casa, capitaneada pelo babalorixá Diego de Oxóssi e focada especificamente no candomblé, computa 12 títulos publicados (com a previsão de mais 20 até o fim desse ano); 15 mil exemplares vendidos e mais de três mil clientes ativos e recorrentes em seu e-commerce próprio. Outra, indo no caminho paralelo e focando nos leitores seguidores da umbanda, é a Aruanda, de Aline Martins, que prepara seu primeiro livro: Espiritismo, a magia e as sete linhas de umbanda, de Leal de Souza, em pré-venda pelo site da editora com previsão de entrega a partir do próximo dia 20.
Os dois editores têm em comum o fato de serem seguidores de suas respectivas religiões e de perceberem lacunas nesse segmento. “Senti que havia um gap. Existiam livros sobre o candomblé. No entanto, em geral, eram escritos por estudiosos e acadêmicos, com poucos sacerdotes ou sacerdotisas falando sobre o candomblé. Senti uma necessidade de ouvir as vozes de dentro dos terreiros e amplificá-las para fora desses espaços e para fora do Brasil”, disse Diego, que tem investido pesado na internacionalização do seu catálogo, com participação nas últimas feiras de Londres e Buenos Aires com esse propósito. Seus campeões de vendas são: O poder das folhas, de autoria do próprio Diego; Sabedoria de umbanda, de Alan Barbieri, e o infantil Conhecendo os orixás, de Waldete Tristão e Caco Bressane.
Já a Aruanda nasceu a partir das aulas que sua fundadora recebeu durante o MBA em Book Publishing, do LabPub, e a pós-graduação em Edição e Gestão Editorial, do Nespe. Essa base acadêmica fez a editora pesquisar muito. Tendo como base dados do IBGE, ela observou que os seguidores da umbanda formam o segundo grupo religioso com maior poder aquisitivo e o segundo em formação superior (perdendo, nos dois quesitos, apenas para os que se declaram espíritas). Apesar dessas características, não havia uma editora especificamente voltada para esse público. “Eu pensei na Aruanda, primeiro, porque sou umbandista e, segundo, porque os livros sobre umbanda estavam muito misturados a outros temas. Há editoras que estão indo pelo caminho da temática africana, mas a umbanda, por mais que traga essa raiz, ela é muito miscigenada: traz questões do catolicismo, das heranças dos índios, questões do Oriente, do espiritismo etc”, comentou. A Aruanda prevê no seu catálogo livros de ficção (romances mediúnicos, psicografados, relatos ou com pano de fundo umbandista), de não ficção (filosofia, ensaios, doutrinas e fundamentos), além de infantis e juvenis.
O principal canal de distribuição das duas editoras é o e-commerce próprio. “O nosso site continua forte, mas outros canais estão crescendo. Já temos uma boa distribuição para Rio, São Paulo e Porto Alegre e estamos avançando pelo Nordeste [com o apoio da Catavento] e excelente colocação na Amazon [para quem a Arole faz vendas firmes]”, revelou Diego. Uma curiosidade é que as pré-vendas do primeiro livro da Aruanda também se revelaram fortes nos estados citados por Diego. Aline tem uma explicação para o seu caso. Segundo o seu levantamento, estão nessas unidades da federação o maior contingente umbandistas do país. Está no planejamento da Aruanda oferecer seus livros também via marketplaces, especificamente Submarino e Amazon.
[Fonte: www.publishnews.com.br]
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