quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Parque Nacional do Pico da Neblina será reaberto para visitação

O Parque Nacional do Pico da Neblina será reaberto para visitação após 15 anos de interdição.

O Pico da Neblina (Yaripo Puei – “montanha dos ventos”, em língua ianomâmi) com seus 2.995 metros de altitude
poderá ser conquistado novamente por montanhistas e aventureiros após 15 anos de interdição.

Exploração e conflitos levaram a interdição do PARNA
Índios da etnia ianomâmi atuavam como guias contratados informalmente por agências privadas de turismo, guiando aventureiros e visitantes a chegar ao cume do Pico da Neblina. Um pequeno valor arrecadado pelas agências na venda dos pacotes de turismo era repassado aos índios. Essa mão de obra e repasse de valores ocorria sem autorização e conhecimento da FUNAI e do ICMBio, órgãos públicos responsáveis pelas terras do PARNA (Parque  Nacional do Pico da Neblina), uma  UC (Unidade de Conservação) em terra indígena. Percebendo então que estavam sendo explorados, os ianomâmi formalizaram diversas queixas aos órgãos federais. Em decorrência do fato, o Ministério Público abriu um inquérito civil e através de uma ação judicial interditou o acesso ao PARNA, até que o conflito pudesse ser resolvido levando em consideração todas as questões que envolvem a situação: exploração das terras sem autorização, exploração de mão de obra indígena e degradação do meio ambiente. Após a interdição, militares continuaram a ter acesso ao parque por se tratar de uma área de fronteira com a Venezuela.
A resolução do conflito
O Instituto Socioambiental (ISA) através do acionamento do governo federal iniciou uma mediação para resolver o conflito, ouvindo e registrando as queixas dos índios através de consulta pública do Ministério Publico e da Assembleia Geral da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN).
Em 2012 foi criado o Conselho Gestor do PARNA, que possui um corpo formado por membros  do ICMBio, FUNAI e do Exército Brasileiro, da sociedade civil e do povo ianomâmi, para tratar da atividade do turismo no Pico da Neblina. A FUNAI por meio da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami Ye'Kuana (FPEYY) acompanhou a criação de um Plano de Visitação.
Em 2015 os ianomâmi elegeram uma nova diretoria que tomou posse da AYRCA (Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes), entidade criada e composta pelos índios da etnia ianomâmi. No mesmo ano, a FUNAI criou a Instrução Normativa Nº 03/2015 estabelecendo diretrizes relativas as atividades de turismo em terras indígenas, as quais eram proibidas anteriormente.
Em 2016, com o apoio da FUNAI e demais órgãos envolvidos, os ianomâmi criaram então um Plano de Visitação com finalidade turística ao PARNA.
A Reabertura do Parque Nacional do Pico da Neblina
Em julho de 2016 os ianomâmi, a FUNAI, o MPF do Amazonas, o ICMBio e o Exército Brasileiro realizaram uma expedição ao Pico da Neblina com o intuito de colher informações sobre as condições do parque, e a partir desta estabelecer regras e parâmetros sobre como deverão ser as atividades de ecoturismo na região. O fim desta expedição resultou o fim dos conflitos, trazendo solução viável a todas as partes.
Até o final de 2018 estará aberta a trilha para a visitação do Pico da Neblina e aproximadamente 800 indígenas estarão, de início, direta ou indiretamente envolvidos com as atividades de ecoturismo, agora de forma legal e apropriada. Este será o primeiro projeto de ecoturismo em terras indígenas realizados no Brasil.
Espera-se agora que o projeto seja executado conforme acordado, e que após a liberação do parque todas as partes envolvidas cumpram com as exigências (e isto inclui os visitantes) afim de que o turismo na região do PARNA não venha novamente a explorar as comunidades indígenas locais e nem tampouco agredir e degradar o meio ambiente desta Unidade de Conservação.

[Fonte: www.themountainlovers.com.br]

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