As tentativas de várias empresas para retratarem suas nuvens como inerentemente "verdes" tem diminuído, persistindo a falta de transparência e métricas muito pobres para medir o desempenho ou o impacto ambiental real
Beth Bacheldor, ItWorld/EUA
O mais recente relatório do Greenpeace sobre tecnologias alerta para a falta de transparência sobre o consumo de energia elétrica dos prestadores de serviços, apesar da disponibilidade de uma variedade de métricas da indústria, incluindo o famoso PUE. O que está faltando, segundo o Greenpeace são dados que ilustrem o quanto de energia suja está sendo usada, e que fontes de energia limpa as empresas estão escolhendo para alimentar a nuvem. Por isso, a ONG criou o Índice de Energia Limpa. Um índice que se concentra em investimentos recentes e na oferta atual de energia limpa associada a cada um desses investimentos.
O relatório do Greenpeace, "Como a sua nuvem é limpa?", é um relatório completo sobre o abastecimento e o consumo de energia dos data centers de algumas das maiores empresas de tecnologia, e investiga implantações de centros de dados de 14 dos principais players do mercado.
O Índice de Energia Limpa criado pela organização ambiental internacional avalia e compara as pegadas relacionados com a energia de grandes provedores de nuvem e seus respectivos data centers.
Então, como se saíram todos? Aqui estão as principais conclusões listadas no relatório:
- Amazon, Apple e Microsoft, empresas que estão expandindo seus data centers rapidamente hoje, ainda dão pouca atenção às fontes de energia e estão confiando pesadamente em energia suja (como carvão e energia nuclear) para alimentar suas nuvens.
- Yahoo e Google priorizam o acesso à energia renovável na expansão de suas nuvens.
- O Facebook comprometeu-se agora com energia renovável, uma estratégia que começou a sério com a construção de seu data center mais recente, na Suécia, que pode ser totalmente alimentado por energia renovável.
- A crescente concentração de investimentos de data centers em locais chave está tendo um impacto significativo sobre a demanda de energia e gestão da rede elétrica.
- A Akamai é a primeira empresa de TI a apresentar índices positivos de Eficácia de Uso de Carbono (CUE). Segundo o Greenpreace, a maioria das empresas silenciam sobre CUE.
- As tentativas de várias empresas para retratarem suas nuvens como inerentemente "verdes" tem diminuído, persistindo a falta de transparência e métricas muito pobres para medir o desempenho ou o impacto ambiental real.
- A colaboração e o compartilhamento de melhores práticas em hardware e software entre os líderes de TI está ajudando a acelerar a implantação de projetos eficientes de TI verde.
- Sinais são crescentes de que mais empresas de TI estão começando a adotar uma abordagem proativa em garantir que a sua demanda de energia possa ser atendida com fontes renováveis de energia, importante para a formação do futuro energético do mundo.
A Apple mereceu um capítulo à parte, pouco lisonjeiro. A pontuação da empresa no Índice de Energia Limpa foi 15,3% (para o registro, outras até tiveram notas mais baixas, incluindo Amazon, IBM, Oracle, Microsoft e Salesforce.com), mas a empresa apresentou o maior uso de carvão (55,1%) e também ganhou um D no quesito transparência de energia, um F para implantação de infraestrutura, e Ds para eficiência energética e mitigação de gases de efeito estufa (GEE) e para o uso de energias renováveis.
O Greenpeace questiona até a eficiência energética do novo data center da Apple na Carolina do Norte, supostamente alimentado por energia solar.
Segundo o Greenpeace, este centro de dados na Carolina do Norte só terá 20 megawatts gerados a partir de energia solar, do 100 megawatts que deverá usar. A Apple discorda. Afirma que 60 por cento da energia será entregue no local a partir de uma fazenda solar e células de combustível. Além disso, diz que o Greenpeace errou ao estimar o consumo da instalação de energia. Em um artigo recente na Forbes, um porta-voz da Apple diz que a plena capacidade, a unidade vai consumir cerca de 20 mil megawatts de eletricidade, e não os 100 megawatts estimados pelo Greenpeace.
Dados do Pike Research
Já outro relatório recente sobre data centers verdes, da Pike Research, afirma que a adoção de práticas de sustentabilidade pode limitar o total das emissões de gases de efeito estufa nos data centers em 13% até 2016. O relatório explora as tendências globais, com previsões regionais para o tamanho do mercado e oportunidades.
A eficiência energética dos data centers - e as formas de reduzir suas pegadas de energia - continuam no topo das agendas dos executivos de TI. O aumento do preço da eletricidade, as emissões de gases de efeito estufa, melhorias de TI, computação em nuvem, virtualização, grandes avanços nas técnicas de refrigeração e melhorias em soluções de monitoramento e gestão são todos provocando a necessidade de redução do consumo de energia, de acordo com um comunicado de imprensa emitido pela Pike Research sobre o novo estudo.
A empresa de pesquisas diz que, se as tendências atuais continuarem, as emissões de GEE pelos data centers deverão totalizar o equivalente a 1.326 milhões de toneladas de dióxido de carbono. Mas a adoção de práticas verdes poderia reduzir esse total para 1.156 toneladas, uma diferença de 13%.
"O impulso para os data centers verdes é uma resposta aos requisitos de negócio para reduzir custos em toda a empresa, bem como uma resposta às preocupações ambientais", diretor de pesquisa da Pike Research, Eric Woods. "Dentro do ambiente do data center, os líderes de TI têm um mandato para reduzir o consumo de energia, que por sua vez conduzirem à inovação. Operadores de centros de dados estão explorando novas ideias relacionadas com os modelos de negócios, construção de instalações, layout e design, dinâmica de fluxo de ar, e novas tecnologias de monitoramento e ferramentas de gestão."
Segundo as previsões da Pike Research, data centers verdes oferecem uma oportunidade de mercado anual que excede 45 bilião dólares em todo o mundo até 2016. A região Ásia-Pacífico está projetando ter o maior crescimento de receita em 2016, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de pouco menos de 30% entre 2011 e 2016. Um crescimento de receita de dois dígitos também é projetado para a Europa e a América do Norte (CAGRs de quase 27% para ambos os mercados).
[Fonte: cio.uol.com.br]
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