O antissemitismo fazia parte do cotidiano europeu muito
antes do nazismo. Apesar de alguns historiadores identificarem a raiz do
problema no período anterior à ascensão do cristianismo, a prática ganhou força
pela ideia de deicídio –responsabilidade dos judeus na morte de Jesus– e pela
associação do judaísmo à traição de Judas e à prática de usura. Segundo o
historiador Jeffrey Herf, foi na Idade Média que o antissemitismo como
conhecemos se formou.
"O antissemitismo remonta
a tempos antigos, mas foi fortalecido pela Igreja Católica e pelas lendas
populares que continham rumores maliciosos e preconceituosos sobre os
judeus", escreve Wagner Pinheiro Pereira no prefácio de "Inimigo
Judeu". "Por séculos o folclore europeu demonizou os
judeus, retratando-os com chifres e caudas bifurcadas ou como répteis".
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Uma das missões dos nazistas era o "embelezamento"do mundo |
"As acusações contra os judeus que causaram maior
temor foram as dos 'libelos de sangue', rituais demoníacos em que os judeus
assassinavam crianças cristãs para utilizar seu sangue em um pão
especial", conta.
Outra acusação comum no
período dizia que os judeus profanavam elementos da comunhão, numa tentativa de
crucificar Jesus pela segunda vez. Em 1298, todos os membros de uma comunidade
judaica de Worms, ao norte de Mannheim, na Alemanha, foram queimados por
profanação da hóstia.
Entre 1347 e 1350, com a peste
assolando a Europa, mais de 200 comunidades judaicas por toda a Europa foram
destruídas. Em três cidades alemãs –Erfurt, Mainz e Metz–, pelo menos 10 mil
judeus foram mortos.
A tentativa de usar áreas de
confinamento para separar os judeus dos cristãos nasceu no período medieval. No
século 13, por ordem do papa, eles foram obrigados a usar algo em suas roupas
que os distinguissem dos demais, como distintivos. Duas práticas empregadas
pelo Terceiro Reich séculos mais tarde.
"O antissemitismo
moderno, essencialmente político, fundamentava-se nas teorias racistas que
circularam entre 1861 e 1895, responsáveis por transformar o judeu, 'mercador
do mal', não somente em uma criatura racialmente inferior, mas perene ameaça à
nova ordem que se pretendia criar, além de ser apontado como bode expiatório de
todas as desgraças e dificuldades da Alemanha".
Em "Inimigo
Judeu", o professor de história da Universidade de Maryland
remonta o fenômeno identitário que foi um dos pilares da ideologia nazista, e
examina como a paranoia antissemita deu força a Hitler e provocou o Holocausto.
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AUTOR Jeffrey
Herf
EDITORA Edipro
QUANTO R$ 57,90
[fonte: www.folha.com.br]
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