domingo, 5 de outubro de 2014

Igreja Católica fortaleceu o antissemitismo, diz 'Inimigo Judeu'


O antissemitismo fazia parte do cotidiano europeu muito antes do nazismo. Apesar de alguns historiadores identificarem a raiz do problema no período anterior à ascensão do cristianismo, a prática ganhou força pela ideia de deicídio –responsabilidade dos judeus na morte de Jesus– e pela associação do judaísmo à traição de Judas e à prática de usura. Segundo o historiador Jeffrey Herf, foi na Idade Média que o antissemitismo como conhecemos se formou.

"O antissemitismo remonta a tempos antigos, mas foi fortalecido pela Igreja Católica e pelas lendas populares que continham rumores maliciosos e preconceituosos sobre os judeus", escreve Wagner Pinheiro Pereira no prefácio de "Inimigo Judeu". "Por séculos o folclore europeu demonizou os judeus, retratando-os com chifres e caudas bifurcadas ou como répteis".

Uma das missões dos nazistas
era o "embelezamento"
do mundo
"As acusações contra os judeus que causaram maior temor foram as dos 'libelos de sangue', rituais demoníacos em que os judeus assassinavam crianças cristãs para utilizar seu sangue em um pão especial", conta.

Outra acusação comum no período dizia que os judeus profanavam elementos da comunhão, numa tentativa de crucificar Jesus pela segunda vez. Em 1298, todos os membros de uma comunidade judaica de Worms, ao norte de Mannheim, na Alemanha, foram queimados por profanação da hóstia.

Entre 1347 e 1350, com a peste assolando a Europa, mais de 200 comunidades judaicas por toda a Europa foram destruídas. Em três cidades alemãs –Erfurt, Mainz e Metz–, pelo menos 10 mil judeus foram mortos.

A tentativa de usar áreas de confinamento para separar os judeus dos cristãos nasceu no período medieval. No século 13, por ordem do papa, eles foram obrigados a usar algo em suas roupas que os distinguissem dos demais, como distintivos. Duas práticas empregadas pelo Terceiro Reich séculos mais tarde.

"O antissemitismo moderno, essencialmente político, fundamentava-se nas teorias racistas que circularam entre 1861 e 1895, responsáveis por transformar o judeu, 'mercador do mal', não somente em uma criatura racialmente inferior, mas perene ameaça à nova ordem que se pretendia criar, além de ser apontado como bode expiatório de todas as desgraças e dificuldades da Alemanha".

Em "Inimigo Judeu", o professor de história da Universidade de Maryland remonta o fenômeno identitário que foi um dos pilares da ideologia nazista, e examina como a paranoia antissemita deu força a Hitler e provocou o Holocausto.
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AUTOR Jeffrey Herf
EDITORA Edipro
QUANTO R$ 57,90 



[fonte: www.folha.com.br]

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