Por PEDRO DINIZ
Renegadas como objetos de arte pela cultura ocidental, as
esculturas da África subsaariana são o mote da exposição que o Masp (Museu de
Arte de São Paulo) inaugurou na última sexta (11).
A partir da doação do
colecionador Manuel Robilotta, o museu selecionou 49 obras criadas por tribos
da nação iorubá até metade do século 20. O período em foco é anterior ao início
da ocidentalização do continente africano, nos anos 1960.
"Sem a arte africana não
conheceríamos a nossa modernidade. Os artistas ocidentais foram abstratos antes
de serem conceituais, e essas esculturas tiveram papel decisivo na estética
moderna, apesar de a Europa não admitir", diz o curador-chefe do Masp,
Teixeira Coelho.
Ele cita a influência da
cultura pré-moderna e selvagem da África na produção do pintor espanhol Pablo
Picasso (1881-1973), em especial na sua fase cubista, iniciada com a pintura
"Les Demoiselles d'Avignon" (1907).
Do
coração da África
Escultura 'Exu', anterior aos anos 1960, criada na Nigéria
pela tribo africana Yoruba
"Fica claro como Picasso usou as proporções geométricas
das máscaras subsaarianas no quadro. O rosto de uma das mulheres é uma máscara
africana", lembra.
ENTIDADES
Os seios em forma de losango e
o púbis triangular, na avaliação do curador, são outros elementos que provam a
relação do pintor com as esculturas que estão em exibição agora em São Paulo.
A mostra, que em princípio
fica até setembro no subsolo do museu, é uma oportunidade também para conhecer
as origens da religiosidade africana e brasileira, já que as esculturas,
utilizadas para reverenciar deuses, são representações de orixás cultuados até
hoje.
A maioria das esculturas é
feita de madeira, há apenas uma de ferro. Os tamanhos das peças variam entre 30
a 50 centímetros.
"No Brasil, quase todo
mundo conhece as entidades Exu e Ogum e entende que babalaô faz despacho. No
entanto, poucos conhecem o que está por trás disso: um mundo extremamente forte
do qual nós não nos libertamos", diz Teixeira Coelho.
DO
CORAÇÃO DA ÁFRICA
QUANDO ter. a dom., das
10h às 18h; qui. até às 20h
ONDE Masp, av.
Paulista, 1.578, tel. (11) 3251-5644
QUANTO R$ 7 e R$ 15;
grátis às terças
[Fonte: www.folha.com.br]

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