quinta-feira, 17 de maio de 2018

A lusa Eugénia Melo e Castro traduz em musica a vanguarda poética do pai

A cantora e compositora Eugénia Melo e Castro, nascida em Covilhã, Serra da Estrela, é uma desbravadora na religação contemporânea das músicas brasileira e portuguesa, sucedendo os tempos imemoriais das fadistas de xale negro. Sua carreira foi feita praticamente na ponte cultural entre os dois países. A começar pela estréia, em 1982, “Terra de mel”, com piano, acordeon e produção de Wagner Tiso, com quem dividiria ainda o álbum de piano & voz “Coração imprevisto”.

Escrito por Tárik de Souza

A faixa título foi composta com Caetano Veloso, seu parceiro também em “Meu e assim”. Ela duetou com Ney Matogrosso (“Dança da lua”, 1983), e foi parceira autoral ainda de Toninho Horta (“Fogo de palha”“Magicamente”), Vinicius Cantuária (“Duas cidades”), Kleiton Ramil (“Lugar sem fim”“Diferença horária”“Em milímetros”“É assim”“Terra de mel”), Guto Graça Melo (“Princípio e fim”), Tunai (“Ao cair da tarde”), Wagner Tiso (“O cerco”“Águas de todo o ano”, com Novelli), Francis Hime (“Cobra aranha”) e Gonzaguinha (“Surpresas”). Lançou um disco dedicado à música mineira (“Um gosto de sol”), o tributo ”Eugénia Melo e Castro canta Vinicius de Moraes”, e um “Ao vivo em São Paulo”.
No recém lançado “Mar virtual” (Selo SESC) ela celebra a obra do pai, o poeta Ernesto Manuel Geraldes de Melo e Castro, conhecido como E.M. de Melo e Castro, mentor da poesia experimental em Portugal, que fez intercâmbio com o movimento concretista brasileiro, dos irmãos Augusto e Haroldo de Campos e Decio Pignatari. Sob produção e direção musical de Emilio Mendonça – que a acompanha solitário ao piano – o disco reúne dez composições de Eugênia com o próprio Emilio sobre poemas extraído da obra de seu pai.
Alguns poemas são francamente visuais e propõe desafios complexos como o “Soneto soma 14 X”, apenas numeral (“14342/ 23306/41612/32216”) declamado musicalmente pela cantora. Já a “Sintaxe das misturas” prima pelo aspecto pictórico: “amarelo vermelho e amarelo azul/ vermelho amarelo e/ vermelho azul/ azul amarelo e azul vermelho”. O pianista e compositor Mario Laginha assina duas faixas, “Um homem que canta e vê” e “É de manhã” (nada a ver com a homônima composição de Caetano Veloso): “é neste instante quando surge o sol/ que se trai o nascer e a luz dói”. O pai de Eugénia contracena com ela na concêntrica “Chama”“Uma chama, um nome, a mesma chama/ há um outro nome que se chama/ em cada chama o chama pelo nome”. Ana Deus, Alexandre Soares e Gil Assis também assinam músicas para os poemas de “Mar virtual”.
“Como a poesia de meu pai já extremamente difícil de ser digerida por apresentar muitos jogos de palavras, muito humor, drama e uma intensidade estética que fica não só no sentido, mas muito nas sonoridades, tive que escolher parceiros que entendessem essa linguagem que queria trazer para a música”, explica Eugénia.
O disco terá lançamentos, dia 16 de maio no SESC Jundiaí, na cidade homônima, e dia 17, no SESC Ipiranga, na capital paulista. 

SERVIÇOS:
Evento: Eugénia Melo e Castro em lançamento do disco “Mar Virtual”.
Local: SESC Jundiaí.
Endereço: Av. Antônio Frederico Ozanan, 6600 - Jardim Botânico - SP.
Data: quarta-feira, 16 de maio de 2018.
Horário: 20:00.
Lotação: 220 lugares.
Venda: limitada a 2 ingressos por pessoa.
Duração estimada: 90 minutos.


SERVIÇOS:
Evento: Eugénia Melo e Castro em lançamento do disco “Mar Virtual”.
Local: SESC Ipiranga.
Endereço: Rua Bom Pastor, 822 – Ipiranga – SP.
Data: quinta-feira, 17 de maio de 2018.
Horário: 21:00.
Lotação: 200 lugares.
Venda: limitada a 6 ingressos por pessoa.
Duração estimada: 90 minutos.






[Foto: Murilo Alvesso - Fonte: www. www.immub.org]

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