Por ESTELITA HASS CARAZZAI
de Curitiba
A cidade de Curitiba está
testando uma tecnologia inédita: um semáforo que dá mais tempo de travessia
para idosos e pessoas com dificuldade de locomoção.
O local é estratégico: em
frente ao Santuário do Perpétuo Socorro, no bairro Alto da Glória, onde toda
quarta-feira se realiza uma das mais frequentadas novenas da cidade. Os idosos
são público cativo.
São seis segundos a mais para
a travessia da rua (de 12 para 18 segundos), que fica num cruzamento com vias
de mão dupla –um desafio para o pedestre.
Só aproveita o benefício,
porém, quem tiver o cartão transporte para idoso, usado no transporte público
da cidade. É ele que, quando encostado ao semáforo, sinaliza ao equipamento
para que aumente o tempo de travessia.
“Melhorou. Antes era uma correria para pegar o ônibus”,
afirma Marlene Miller, 69, sobre o ponto que existe do outro lado da rua.
Agora, já é comum ver idosos
saindo da igreja com o cartão transporte na mão, prontos para encostá-lo no
semáforo.
O projeto ainda é piloto e
deve ficar em testes por 90 dias. Por trás da iniciativa está um plano para
diminuir o número de atropelamentos de idosos, as maiores vítimas desse tipo de
acidente em Curitiba.
Só no ano passado, segundo
levantamento da prefeitura, 30 idosos morreram atropelados na capital
paranaense. Do total de acidentes com pedestres, 34% foram com pessoas com mais
de 60 anos. É o maior grupo de risco na cidade. “Foram os dados que nos
alertaram”, diz o diretor da Escola Pública de Trânsito de Curitiba, Cassiano
Novo.
Com o alerta, os técnicos da
prefeitura fizeram uma pesquisa com quase 500 idosos para saber a qual
velocidade eles atravessavam a rua.
“A gente ouviu bastante
[reclamação]”, conta Novo. Havia um semáforo no centro, próximo à praça Rui
Barbosa, com míseros 6 segundos para travessia. “Nem quem anda numa velocidade
normal conseguia atravessar.”
Depois do diagnóstico, a
prefeitura começou a aumentar o tempo de travessia dos semáforos para pedestre
na cidade. A ideia é alterar todos até o final de 2016, deixando entre 12 e 18
segundos para a travessia.
O semáforo para idosos, se
aprovado, será implantado nos locais com maior fluxo de idosos e com alto
índice de atropelamentos. O mapeamento já começou a ser feito pela prefeitura.
Até agora, a tecnologia não
teve custo para o município. O projeto foi desenvolvido pela empresa Dataprom,
que participou de um edital que convidava a iniciativa privada a apresentar
propostas para melhorar a qualidade do trânsito de Curitiba.
Além do “sinaleiro” para
idosos, estão em teste um radar que mede a velocidade média dos carros ao longo
de uma via e sistemas eletrônicos para pagamento de estacionamento, entre
outros projetos.
[Foto: Cesar Brustolin - fonte: www.folha.com.br]
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