- Textos incluídos em livro que será lançado no dia 17 dão vazão à verve antimonárquica do autor
 
- Os cinco poemas — um deles, inacabado — foram escritos quando ele tinha 17 anos e acabara de voltar a Lisboa para cursar a universidade
 
Por Mônica Torres Maia
Cinco poemas inéditos de Fernando Pessoa estarão em “Mensagem e 
outros poemas sobre Portugal”, livro que a editora Assírio & Alvim 
lança no dia 17, revela em reportagem
 o jornal "Público". Segundo os estudiosos Richard Zenith e Fernando 
Cabral Martins, que encontraram as obras, elas datam do início de 1906, 
quando o poeta tinha 17 anos de idade e acabara de voltar a Lisboa, vindo da África do Sul, para estudar Letras na Universidade da capital portuguesa.
Apesar de
 não serem poemas fundamentais, em termos de qualidade, para a obra de 
Pessoa (e nem mesmo os primeiros, já que ele ditou uma quadra às mãe aos
 sete anos e escreveu vários poemas entre 1901 e 1902, quando passou 
temporada em Lisboa), eles se destacam por seus duros ataques à 
monarquia portuguesa. Em tom indignado e panfletário, os quatro poemas 
completos (e um inacabado) revelam aquele adolescente criado na cultura 
inglesa, aspirante a poeta inglês, mantinha ligações sentimentais 
suficientemente fortes ao seu país natal para não ter perdoado à 
monarquia a aceitação humilhante do Ultimato britânico de 1890.
Os versos mostram que, aos 17 anos, recém-integrado à comunidade universitária
 de Lisboa, Fernando Pessoa era um republicano, inimigo jurado da coroa e
 da Igreja. “Abaixo a guerra, a tirania;/ Abaixo os reis, morra a 
Igreja./ Não haja coração que seja/ Inimigo da luz do dia!”, pregava 
ele, no poema inacabado. Em outro dos inéditos do livro, ele lamentava: 
“(...) Com o governo que temos e o nosso rei/ Somos um carro já sem 
rodas.”
Segundo Ricardo Zenith, a dedução de que os poemas datam 
do início de 1906 se deu pela análise do tipo de papel em que foram 
escritos, pelo fato de estarem misturados a textos seguramente desse 
período, pela caligrafia de Pessoa e por referências a “projetos contra a
 monarquia” presentes no diário que ele escreveu naquele ano. Esses 
poemas derrubam a tese de que a obra do poeta entre 1903 e 1908 se 
resumira aos poemas em inglês dos heterônimos Charles Robert Anon e 
Alexander Search.
[Fonte: www.oglobo.globo.com]

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