quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Morreu o jornalista chileno Mário Dujisin, um dos fundadores da AIEP

Trabalhava na presidência chilena quando foi o golpe de 11 de setembro de 1973, que derrubou Salvador Allende. Veio para Portugal no Verão Quente de 1975 e acabou por radicar-se no país a partir da década de 1990, tendo sido correspondente da ANSA e colaborador do Diário de Notícias.

 


Escrito por Susana Salvador

O jornalista chileno Mário Dujisin, antigo correspondente da Inter Press Service (IPS) e da agência italiana ANSA e um dos fundadores da Associação de Imprensa Estrangeira em Portugal (AIEP), morreu esta manhã no Hospital de Cascais. Tinha 79 anos.

Dujisin nasceu em dezembro de 1944 em San Bernardo, no Chile, estudou Economia na Universidade de Concepción e História e Filosofia na Universidade de Belgrado.

Era chefe do departamento internacional e de imprensa estrangeira da presidência chilena, mas não estava no palácio La Moneda a 11 de setembro de 1973, o dia do golpe de Augusto Pinochet contra Salvador Allende. Ainda assim conseguiu transmitir as últimas palavras do presidente chileno – contava que ele já estava muito ferido quando optou por suicidar-se, para não ser capturado vivo.

Obrigado a sair do país, passou primeiro pela Argentina, mas acabou na Hungria, onde conheceu a mulher. Chegou no Verão Quente de 1975 a Portugal, onde se casou. O  padrinho de casamento foi Jorge Sampaio, futuro presidente. O casal teve três filhos.

Foi correspondente da IPS, do Il Messaggero de Roma e do Correo Catalán de Barcelona entre 1975 e 1979, sendo um dos fundadores da AIEP e seu segundo presidente. Voltaria a ser presidente da associação mais tarde. Foi correspondente do IPS em Nova Iorque entre 1980 e 1981 e no Equador entre 1981 e 1984, tornando-se então chefe de redação da IPS em Roma.

Em 1991 regressou a Portugal, sendo correspondente da ANSA entre 1995 e 2015. Colaborou com o Diário de Notícias nas colunas "Visto de cá" e "Ponto de vista", que dava espaço de opinião aos correspondentes estrangeiros em Portugal.

A jornalista Carla Aguiar, do DN, recorda "um homem de coração grande, muito alegre, que gostava de cozinhar e receber os seus amigos em casa". Um homem "marcadamente de esquerda", contava entre os seus grandes amigos com o antigo presidente Mário Soares, o atual chefe de Estado de Timor Leste, José Ramos Horta, mas também o antigo primeiro-ministro Santana Lopes ou o cineasta José Fonseca e Costa.

"Conhecia mais da história de Portugal do que muitos portugueses", refere Carla Aguiar, lembrando de que ele se "apaixonou" por Portugal depois do 25 de Abril.

 

[Foto: Leonardo Negrão - fonte: www.dn.pt]

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