quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Escultura em Filme. The Very Impress of the Object


Em Londres, no ano de 1855, um orador dava uma conferência sobre a catedral de Notre-Dame em Paris. Tendo já a possibilidade de apresentar à sua audiência fotografias da escultura que encima o portal ocidental, o orador sugere que a imagem é tão verdadeira que pode bem ser «a própria impressão do objeto». A ideia de que o objeto fotografado deixa, literalmente, a sua impressão no filme, é uma ilusão; e, no entanto, os filmes apresentados nesta exposição aproximam-se tanto da escultura que quase sentimos a sua impressão.
A escultura clássica deixou de fazer parte dos programas de ensino e parece cada vez mais distante. No entanto, está presente, de forma notável, em obras de artistas contemporâneos, sobretudo em filme, e, através do filme, é trazida de volta à vida.
Através da apresentação de obras de sete artistas que desenvolvem o seu trabalho em diferentes pontos da Europa, a presente exposição explora o fascínio que a escultura exerce sobre os realizadores. Deste modo, somos guiados através de diversos museus, desde o Museu do Louvre até aos Museus Capitolinos, de Paris a Roma, seguindo até Atenas, com passagens por Berlim, Munique e Londres.
A imobilidade própria da escultura, o seu silêncio, parecem provocar o artista, impelindo-o a usar a imagem em movimento. Estas peças exploram os modos como a escultura antiga – seja inteira ou fragmentada, em exposição ou nas reservas, original ou reprodução – se revela interessante para certos artistas, sendo ainda capaz de evocar questões acerca da arte e do poder. São obras que nos convidam a passar tempo com objetos imóveis, a conhecê-los melhor.

[Curadoria: Penelope Curtis - fonte: www.gulbenkian.pt]

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