O verão já lá vai e os festivais de calções e chinelo no pé idem. Estamos na primeira noite verdadeiramente de inverno deste ano, mas não é por isso que sentimos frio. À chegada, tocam as nove badaladas. No Centro Cultural de Belém, faz-se silêncio. Apenas temos o Tejo como barulho de fundo antes de passarmos as portas que nos levam ao aconchego. Lá dentro, espera-nos Wim Mertens, em mais um concerto da edição deste ano do Misty Fest.
No palco, o escuro dá lugar a três instrumentos, que antecipam o espetáculo em forma de trio que Mertens traz a Portugal. O roteiro por terras lusas começou em Torres Novas, passando pelo Porto e culminando em Lisboa.
Sob o olhar atento de uma plateia silenciosa, mas não menos interessada e ansiosa, o compositor belga toma assento ao piano, acompanhado do violoncelista Lode Vercampt e da violinista Tatiana Samouil. Está preparada a fórmula para uma noite de emoções, que percorre momentos icónicos como “Struggle for Pleasure” e produções mais recentes como “Zee vs Zed”.
Numa sala a meia haste, Mertens guia-nos numa viagem, ora cantada ora em instrumental, por lugares míticos como Alexandria ou a Grécia Antiga, havendo ainda espaço para a também inspiração de Roma e Egipto. Um espetáculo que no fundo é uma metáfora para os nossos dias, e que se apresenta como isso mesmo.
A melodia do piano, ao mesmo tempo minimalista e vanguardista, funciona sempre em simbiose com o violoncelo e o violino, numa verdadeira homenagem ao que se faz de boa música por esta Europa fora.
A primeira parte do concerto esteve a cargo de André Barros, que nos apresentou o mais recente trabalho, “In Between”, acompanhado da violetista Cátia Alexandra Santos.
[Fotos: Cátia Duarte Silva - fonte: www.festmag.com]
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